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Mobilização pela defesa dos ashaninkas

Página 20-Rio Branco-AC
Autor: Andréa Zílio
09 de Jan de 2004

Órgãos federais e estaduais estão sendo convidados a visitar a terra
dos indígenas invadida por peruanos

Nos últimos dois meses, as denúncias feitas pelos índios ashaninka do
rio Amônia à Fundação Nacional do Índio (Funai), sobre a invasão de
madeireiros peruanos a suas terras, têm se intensificado. Sem qualquer
resposta do Itamarati, o órgão decidiu reunir diversas autoridades,
formando uma força-tarefa para visitar o local a partir do dia 12 e dar
uma solução para o problema, que pode se transformar em crise
diplomática ou até mesmo em violência física, com um conflito entre os
envolvidos.

A invasão de três empresas madeireiras nas terras de cerca de 450 índios
Ashaninka brasileiros, se tornou público há dois meses quando os índios
iniciaram as denúncias a Funai. No auge da grande polêmica, uma comitiva
de deputados liderados pela parlamentar Perpétua Almeida (PC do B)
visitou o local e preparou um documento que foi enviado ao Itamarati.
Até agora, nenhuma resposta ou qualquer indício de solução foi dada
ao problema.

O assessor da Funai, Antonio Macedo, diz que tudo isso não é só abuso,
mas teimosia dos peruanos. Acrescenta ainda que, por enquanto, os índios
aguardam as providências legais, mas chegaram até a estipular prazo para
que tudo seja resolvido, do contrário lutarão à sua maneira para
garantir seu espaço.

A invasão das terras tem se agravado ainda mais, pois, da aldeia, os
índios conseguem ouvir as máquinas derrubando as árvores. Macedo conta
ainda que uma das maiores riquezas daquela região, que é o mogno, tem
sido o principal alvo dos madeireiros. Em conseqüência de tudo isso, os
ashaninka declararam um possível conflito. "Não se sabe o número de
homens trabalhando para as madeireiras, mas são 450 índios, que
representam um forte exército. E eles já mostraram o que podem fazer
quando houve o conflito com os índios peruanos."

Recentemente o Exército esteve na área reafirmando a marcação de terras,
mesmo assim ela não foi respeitada. Na intenção de resolver esse
problema entre os dois países, a Funai convidou diversos órgãos para
visitarem o local, em uma viagem com previsão para acontecer entre os
próximos dias 12 e 16.

Na lista de convidados estão o 61o Batalhão de Infantaria e Selva (BIS),
Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério Público
Estadual, Secretaria de Segurança, Secretária Extraordinária dos Povos
Indígenas, União das Nações Indígenas (Uni), Organização
dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), Prefeitura de Marechal
Thaumaturgo, Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Instituto do Meio
Ambiente (Imac), Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis (Ibama), Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do
Acre (Amaiac) e Organização dos Professores Indígenas (Opiac).

Alguns desses órgãos deram resposta positiva apoiando a iniciativa,
inclusive com estrutura. A Funai solicitou também ao Comando Militar da
Amazônia um helicóptero para deslocar os que participarão da missão e
sobrevoar a área invadida. "Estamos chamando as autoridades para que
elas vejam de perto o que está havendo e dêem uma resposta a tudo isso",
diz Macedo.

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