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Ministros vão ouvir as comunidades indígenas

Brasil Norte-Boa Vista-RR
19 de Fev de 2003

A visita de Ciro Gomes e José Viegas nada tem a ver com demarcação de terras indígenas, mas o assunto será abordado

Florany Mota: "Não seria democrático da parte dos ministros se negarem a manter o encontro com as lideranças indígenas"

A prefeita municipal de Uiramutã, Florany Mota, disse ontem que vai aproveitar a presença hoje na sede do Município dos ministros Ciro Gomes, da Integração Nacional, e José Viegas, da Defesa, para colocá-los frente-à-frente com os setores organizados, especialmente as entidades que congregam etnias indígenas na região Raposa-Serra do Sol.

"Mesmo sabendo que a visita dos ministros nada tem a ver com demarcação de terra indígena, acredito que o assunto é tão urgente que as autoridades não vão se negar a manter um encontro com as lideranças locais", disse a prefeita.
"Não seria democrático da parte dos ministros se negarem a manter esse encontro", insistiu.

Lideranças
Entre as lideranças indígenas que estarão prontas para o encontro com os ministros estão os dirigentes e integrantes da Sodiur (Sociedade de Desenvolvimento dos Índios Unidos do Norte de Roraima), Alidcir (Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima) e da Arikom (Associação Regional Indígena dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima).

Decisão Acertada
A presença dos ministros em Uiramutã será um ponto importante para que se tome uma decisão acertada com relação à demarcação dos 1,6 milhão de hectares que formam a reserva indígena de Raposa-Serra do Sol.
Para a prefeita Florany Mota, o encontro promovido pelo CIR (Conselho Indígena de Roraima) na maloca do Pium, no início deste mês, que contou com a presença do presidente da Funai Eduardo Aguiar, do secretário nacional dos Direitos Humanos Nilmário Miranda, e do assessor do Ministério da Justiça Cláudio Beirão, não pode ser tomado como última palavra em termos de questão indígena em Roraima.

O encontro do Pium contou com a participação de pouco mais de 700 índios de várias etnias, incluindo representantes ianomami, que nada têm a ver com a realidade da reserva Raposa-Serra do Sol.
"O Governo federal não poderia formar uma opinião ouvindo apenas um lado da questão, esquecendo-se de ouvir os índios e demais pessoas que habitam de fato o Município de Uiramutã", disse a prefeita.

"Ser ouvido pelo Governo federal para que um decisão mais ajuizada seja tomada com relação à demarcação da reserva é um direito que assiste à comunidade", declarou Florany Mota, dizendo acreditar que os ministros não irão se furtar a ter esse encontro com as pessoas interessadas na manutenção do Município, inclusive os próprios índios.
Não existe uma pesquisa real sobre o assunto, mas Florany acredita que algo em torno de 80% da população de Uiramutã deseja a demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol em ilhas e não em área contínua, conforme deseja o CIR e Igreja Católica, além de outras ONGs (organizações-não-governamentais) alienígenas ao convívio diário na reserva.

Planejamento
Durante o encontro hoje em Uiramutã, o ministro José Viegas vai receber uma cópia do Planejamento Participativo do município, que trata da infra-estrutura geral daquela unidade municipal, que tem extensão territorial de 8.040 quilômetros quadrados e abriga uma população de 5.790 habitantes.
O Planejamento Participativo é um documento elaborado ouvindo-se, de forma ampla, opiniões de todas as comunidades que fazem o Município, inclusive visando o desenvolvimento sustentável, que tem como base quatro pilares, a saber: ambiental, social, econômico e cultural. "Isso dá a dimensão da solidez do Município", enfatiza a prefeita

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