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Ministro do Meio Ambiente do Brasil renuncia em meio a investigação sobre extração ilegal de madeira na Amazônia

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28 de Jun de 2021

Ministro do Meio Ambiente do Brasil renuncia em meio a investigação sobre extração ilegal de madeira na Amazônia | Brasil
julho 28, 2021
Cláudia Lima

O ministro do Meio Ambiente do Brasil renunciou em meio a uma investigação criminal sobre se ele obstruiu uma investigação policial sobre a extração ilegal de madeira na floresta amazônica.

Um juiz da Suprema Corte autorizou uma investigação sobre Ricardo Salles após batidas da polícia federal contra o ministro e outros funcionários que supostamente permitiram a exportação ilegal de madeira.

"Meu entendimento é que ao longo deste ano e do próximo, no cenário internacional e também na agenda nacional, o Brasil precisa de uma forte união de interesses", disse Salles a jornalistas em Brasília nesta quarta-feira. "Para que isso seja feito com a maior calma possível, apresentei minha demissão."

O ministro cessante atuou como o principal negociador do Brasil nas negociações com os Estados Unidos sobre financiamento para conservar a floresta amazônica, onde o desmatamento aumentou desde que o presidente de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019.

Essas negociações estagnaram, com a última reunião ocorrendo há mais de um mês, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto, e disseram que não estava claro se o atraso estava relacionado a Salis.

Salles e o presidente Jair Bolsonaro têm defendido abertamente o desenvolvimento da região amazônica, que os críticos dizem ter incentivado a grilagem de terras e a mineração ilegal em áreas protegidas.

Quando alguns investidores estrangeiros começaram a expressar preocupação com a escalada do desmatamento, o governo Bolsonaro não recebeu nenhuma reprimenda do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre suas políticas ambientais.

Durante a campanha eleitoral do ano passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu ao Brasil que limite o desmatamento da Amazônia a fim de desacelerar as mudanças climáticas, e este ano seu governo iniciou conversações com o Departamento de Salles para tentar encontrar soluções.

Dados preliminares, baseados em imagens de satélite, mostraram aumentos anuais no desmatamento na Amazônia por três meses consecutivos, mais recentemente em 41% em maio. Os dados são um indicador antecedente confiável de contas mais completas divulgadas no final do ano.

Ativistas brasileiros disseram que a saída de Salles foi tarde demais.

Adriana Ramos, coordenadora de políticas e programas jurídicos do Instituto Socioambiental sem fins lucrativos, disse que a gestão de Salles será lembrada pela perda de confiança internacional e pelo aumento das emissões do desmatamento e do desmantelamento dos controles ambientais.

Marcio Astrini, secretário executivo da Climate Watch, uma rede de grupos ambientais, disse que o legado de Salles é "o pior que pode ser".

"Foram dois anos consecutivos de desmatamento na Amazônia, incêndios no Brasil e invasões de áreas públicas. Paralisou a cobrança de multas ambientais, perseguiu fiscais e seguiu o caminho da destruição ambiental no país", disse Astrini.

A senadora Katia Abreu, que preside o Comitê de Relações Exteriores do Senado brasileiro, disse em um comunicado na terça-feira que as negociações entre o governo Biden e o Ministério do Meio Ambiente do Brasil estão "paralisadas".

Ela disse que isso reflete o descontentamento dos Estados Unidos e da necessidade do Brasil de mudanças para restaurar o diálogo.

Os Estados Unidos disseram que continuam comprometidos com a parceria com o Brasil para enfrentar as mudanças climáticas e que sua posição sobre as negociações com o governo permanece a mesma.

Funcionários do Ministério do Meio Ambiente, incluindo Salis, estão sob investigação por potencialmente facilitar a exportação de madeira extraída ilegalmente. Uma investigação separada está investigando se Salles obstruiu o confisco ilegal de madeira. Salles negou irregularidades em ambos os casos.

"Não é possível que as pessoas criminalizem opiniões e pontos de vista diferentes. A sociedade brasileira precisa desse progresso", disse Salles na quarta-feira. "Enfrentamos muitas objeções às ações que foram tomadas ou planejadas, tentando caracterizá-las como não respeitando os leis ou a constituição, o que não é verdade ".

Reuters e The Associated Press contribuíram para este relatório.

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