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Ministro critica deficiência na infraestrutura

OESP, Economia, p. B5
10 de Fev de 2010

Ministro critica deficiência na infraestrutura
Stephanes vê problemas para escoamento da safra de grãos e culpa o Ministério dos Transportes pelas falhas

Célia Froufe
Brasília

A um mês e meio de deixar o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que é filiado ao PMDB, voltou ontem a criticar colegas de governo. Ao anunciar que a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de grãos de 2009/2010 subiu de 141 milhões de toneladas, em janeiro, para 143 milhões de toneladas em fevereiro, ele mostrou preocupação com o escoamento dos produtos agrícolas e culpou diretamente o Ministério dos Transportes e a Secretaria Especial de Portos (SEP) pela ineficiência da infraestrutura.

"Precisamos de mais clareza no plano estratégico de médio e longo prazos não só para o escoamento da produção, mas também para os insumos básicos", disse. Segundo o ministro, a região Centro-Oeste e, principalmente, Mato Grosso continuam a ser um grande problema sob esse ponto de vista. "O pior é que não enxergo solução, um plano estratégico que resolva a questão do Centro-Oeste."

Stephanes disse que o problema é tão grave que os custos com o transporte de alguns produtos, como o milho, por exemplo, acabam sendo maiores do que o valor do próprio grão. "Isso mostra que o sistema de escoamento está inadequado." Ele ressaltou que a soja apresenta um quadro semelhante ao do milho e que, em breve, haverá problemas com a carne bovina também.

"Desde o dia em que entrei neste ministério ouço falar da Hidrovia Teles Pires-Tapajós e até hoje não vi sequer um estudo técnico para saber se ela é mesmo viável." O ministro disse ainda que os portos brasileiros não são aparelhados para atender às demandas nacionais. "Os problemas na área de escoamento são muito grandes", resumiu. O Ministério dos Transportes e a SEP não quiseram comentar as críticas.

Stephanes acusa o Ministério do Meio Ambiente de criar empecilhos para o desenvolvimento agrícola e, por isso, já entrou em alguns embates diretos com o ministro Carlos Minc.

Apesar da indignação com os problemas de infraestrutura, o ministro da Agricultura mostrou-se satisfeito com a nova perspectiva para a produção de grãos da Conab, que é uma empresa ligada ao ministério. Se as projeções forem confirmadas, esta será a segunda maior colheita da história brasileira, perdendo apenas para a safra de 2007/08, que foi de 144,1 milhões de toneladas.

No ano passado, a longa estiagem prejudicou a agricultura e o resultado foi uma safra de 135 milhões de toneladas. Agora, o destaque volta a ser a soja, com estimativa de que produção seja recorde em 66,7 milhões de toneladas.

Para os próximos três meses, institutos de pesquisas preveem chuvas acima do normal para o Centro-Sul, situação que poderá beneficiar ainda mais as lavouras. Foram justamente as chuvas, que castigaram as cidades, que são apontadas como responsáveis pelas estimativas mais otimistas.

OESP, 10/02/2010, Economia, p. B5

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