OESP, Vida, p. A20
16 de Jul de 2008
Minc diz que número inverte tendência de alta
Mesmo assim, para ministro, não há o que comemorar
Lisandra Paraguassú
A pequena queda no índice de desmatamento detectado pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês de maio não foi o suficiente para entusiasmar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que a classificou como uma "semi-inversão da tendência". No entanto, Minc admitiu rever para baixo a projeção de aumento na área desmatada e acumulada no período de 12 meses, que deverá ser anunciada em novembro.
"Era para dar um estouro maior (em maio), mas teve uma diminuição modesta. Começou a melhorar um pouco, mas não dá para comemorar, não dá para soltar um rojão. Deu apenas uma meia trava", avaliou ontem à tarde, depois de analisar os dados divulgados pelo Inpe.
No entanto, Minc acredita que a curva ascendente do desmatamento pode ter perdido força e que a pequena queda deve se manter em junho e julho. Com isso, o ministro reduziu a previsão de desmatamento do sistema Prodes - que analisa 12 meses, no caso o período de julho/agosto de 2007 a julho/agosto de 2008 - de cerca de 15 mil km2 para 13 mil km2.
"Ainda é muito ruim, porque fica acima do ano anterior. Mas é um pouco melhor do que imaginávamos", completou. Entre julho/agosto de 2006 e julho/agosto de 2007, o desmatamento foi de 11,3 mil km2, mantendo uma trajetória de queda que vinha sendo registrada desde 2004.
MEDIDAS
Na próxima semana, duas das medidas planejadas e já anunciadas por Minc para tentar inibir o desmatamento na região amazônica serão assinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serão dois decretos.
O primeiro deles dará poder ao Ibama para dispor imediatamente dos bens apreendidos de criminosos ambientais, como veículos, terras, gado e mesmo a madeira cortada ilegalmente. Atualmente, os bens ficam à disposição da Justiça até o final do processo, o que pode levar anos.
O segundo decreto cria a figura do guarda-parque, um fiscal específico para trabalhar dentro das unidades de conservação ambiental.
Já no início do próximo mês, no Rio, será assinado um protocolo por cinco bancos oficiais - Banco do Brasil, do Nordeste, da Amazônia, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal - para evitar financiamentos a empresas poluidoras e oferecer melhores condições a companhias com projetos sustentáveis. Outros quatro bancos privados também devem assinar o protocolo.
Na mesma data serão anunciados oficialmente dois novos fundos, o Amazônico - financiado por governos estrangeiros para desenvolver ações sustentáveis na Amazônia - e o do Clima, com recursos do BNDES, para ações que tentarão mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
OESP, 16/07/2008, Vida, p. A20
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