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Militares fazem operação no Norte

OESP, Nacional, p. A13
05 de Ago de 2008

Militares fazem operação no Norte
Ação conjunta das três Forças mobiliza 3.500 homens para simular procedimentos estratégicos nas fronteiras

Liege Albuquerque

Cruzando pela primeira vez a região amazônica, os aviões Mirage 2000C e F5-M serão utilizados na Operação Poraquê, ação conjunta do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que começa hoje na área conhecida como Cabeça do Cachorro, a noroeste do Rio Negro, na fronteira de Roraima e Amazonas com a Venezuela.

A operação vai até o dia 15 e terá custo estimado em R$ 13 milhões, de acordo com o Ministério da Defesa. O ensaio mobiliza 3.500 militares e foi planejado de forma a permitir o treinamento de procedimentos de defesa das fronteiras por água, terra e ar, além de fazer atendimento médico, odontológico e assistencial em comunidades isoladas por meio da Ação Cívico e Social, a Aciso.

Desde a criação do Ministério da Defesa, em 1999, foram realizadas 26 operações militares das três Forças, das quais 8 na Amazônia. "Nosso maior desafio continua sendo essa região, que ainda é muito descoberta nas fronteiras, tanto por militares como por outras corporações, como a Polícia Federal, o Incra e o Ibama", afirmou o general Augusto Heleno, comandante do exercício e titular do Comando Militar da Amazônia.

Segundo Heleno, esses ensaios visam a manter a capacidade de atuação da tropa no teatro de operações da floresta. Além disso servem de laboratório para o desenvolvimento de novos métodos nas áreas de logística, comunicações e de definição da doutrina operacional das Forças.

GUERRA

É uma guerra simulada, contra o País Amarelo. A hipótese: esgotadas todas as negociações diplomáticas, o País Amarelo decide invadir o País Verde, que reage em defesa da soberania sobre seu território.

Estão sendo mobilizados todos os comandos e brigadas regionais da Amazônia como: a 1ª Brigada de Infantaria de Selva de Roraima, a 16ª Brigada de Infantaria de Selva de Tefé, a 17ª Brigada de Infantaria de Selva de Porto Velho, a 23ª Brigada de Infantaria de Marabá.

A Brigada Pára-Quedista, força de assalto de elite do Exército, foi deslocada do Rio, da mesma forma como a Brigada de Operações Especiais, de Goiânia, e a Brigada de Infantaria Leve de Campinas. Serão empregadas a Companhia de Guerra Eletrônica, de Brasília, e pela primeira vez na Amazônia o Grupo Lançador de Foguetes Astros-II.

O Comando da Aeronáutica destacou 45 aeronaves de diferentes tipos - helicópteros, caças de ataque e interceptação, cargueiros e transportadores de pessoal - intencionalmente arregimentados em várias regiões.

O general Heleno apresentou ontem o mapa da Operação Poraquê, que cobre o Estado de Roraima, desde Caracaraí, parte da região norte do Amazonas, até a Usina Hidroelétrica de Balbina, a Calha do Rio Negro e a zona da Cabeça de Cachorro, nos limites de São Gabriel da Cachoeira.

O ensaio prevê lançamento noturno e diurno de pára-quedistas, experiência na garantia das fronteiras ribeirinhas e a infiltração hostil em área de selva. Blindados anfíbios sobre rodas do tipo Urutu serão utilizados.

AÇÃO SOCIAL

"Não só de combate são feitas as ações militares", explicou ontem o coronel-médico Mário Knack. Ele lembra que entre amanhã e sexta-feira, a população do município de Jundiá, em Roraima, terá sete ambulatórios à disposição - um deles, apenas para atender animais.

Um censo realizado previamente indicou que cerca de 4 mil pessoas precisam também de carteira de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), além de encaminhamento de ações na Justiça e processos de reivindicação de benefícios do INSS, como aposentadoria, pensões e auxílio-doença.

No mesmo mutirão, serão oferecidos cortes de cabelo, material escolar para estudantes carentes e orientação de saúde pré-natal.

OESP, 05/08/2008, Nacional, p. A13

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