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Milícias armadas estão assassinando índios, denunciam MPF e Cimi

Agência Brasil/Agora MS
10 de Jan de 2007

Milícias armadas estariam agindo nos municípios da região sul de Mato Grosso do Sul, a mando de fazendeiros, para intimidar e expulsar índios guaranis-caiuás de terras reivindicadas por eles. A denúncia é do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e do Ministério Público Federal em Dourados.

Nos últimos anos, os pistoleiros teriam assassinado vários índios guaranis-caiuás. Os matadores também seriam responsáveis pelo assassinato da índia Kurutê Lopes, 70, com um tiro no peito, na Fazenda Madama, na noite de segunda-feira.

Segundo o coordenador regional do Cimi em Mato Grosso do Sul, Egon Heck, as milícias se identificam como seguranças a serviço dos fazendeiros. "Os pistoleiros têm agido com violência e assassinatos, inclusive mataram o índio Dorvalino, em dezembro de 2005. Eles são o braço armado dos fazendeiros", diz ele.

"É importante que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal averigúem a fundo essa realidade, para que atos como a morte de Kurutê não continuem se repetindo", afirma o indigenista.

O procurador do MPF de Dourados Charles Pessoa confirma as suspeitas. "Existe, sim, uma desconfiança de que possa haver grupos que prestam esse tipo de serviço, e eu acredito firmemente nessa possibilidade", diz o procurador.

Ele explica que essa suspeita se deve aos assassinatos freqüentes de indígenas na região. "O MPF abriu inquéritos, mas ainda não deu para amarrar os vários casos, que comprovariam a ação de milícias armadas. Mas, estamos aprofundando as diligências", completa ele.

O delegado da Polícia Civil Marcelo Batistela Damasceno, da região entre Amambai e Coronel Sapucaia, onde foi morta Kurutê, disse não ter informação a respeito da suposta atuação de milícias. "Nunca ouvi dizer", resumiu.

A Recovê, entidade não governamental formada por grandes produtores rurais da região, foi procurada para falar sobre a denúncia, mas não foi possível um contato telefônico. Também foram procurados pela reportagem o Sindicato dos Proprietários Rurais de Amambai, cujo presidente está em viagem a São Paulo, e a Federação da Agricultura e Pecuária do MS, onde a assessoria alegou que, devido a recesso coletivo na entidade, não é possível fazer contato com a diretoria.

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