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Milho transgênico atrai grandes negócios

OESP, Economia, p. B14
12 de Set de 2007

Milho transgênico atrai grandes negócios
Monsanto compra a Agroeste por US$ 100 milhões e Dow leva divisão da Agromen por US$ 120 milhões, na expectativa de liberação do produto

Agnaldo Brito

A multinacional Monsanto anunciou ontem a compra da Agroeste Sementes, empresa de desenvolvimento de milho híbrido com sede em Xanxerê (SC). O valor da aquisição não foi divulgado, mas estimativa de mercado indica um negócio de pelo menos US$ 100 milhões.

A liberação de tecnologias para o desenvolvimento de híbridos geneticamente modificados, decisão tomada recentemente pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), é a principal razão para a ofensiva das grandes multinacionais sobre as companhias nacionais de desenvolvimento, multiplicação e venda de variedades de milho.

É a segunda aquisição ocorrida no mercado brasileiro de sementes de milho em pouco mais de um mês. No início de agosto, a Dow AgroSciences anunciou a compra da divisão de milho da Agromen, um negócio cujo valor pode ter alcançado US$ 120 milhões.

A Monsanto, que disputa com a Pionner a liderança do mercado de milho no Brasil, teve liberado pela CTNBio a tecnologia YieldGard, um gene que confere resistência a insetos que atacam o milho. Quando incluído no DNA da variedade de milho, o gene permite que a proteína do Bacillus Thuringiensis (Bt), que atinge insetos agressores, entre em ação. A liberação dessa e de outras tecnologias ainda depende do conselho da CTNBio, mas a avaliação geral é que os processos começaram a avançar.

'Essas aquisições não estão relacionadas à expansão da área de milho, mas à perspectiva de liberação de milho transgênico. Quanto mais material genético as companhias tiverem, melhor', explica André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult.

Segundo Christian Pflug, gerente de Biotecnologia e Licenciamento de Milho da Monsanto, a compra da Agroeste vai ampliar as possibilidades de desenvolvimento de novas variedades. No Brasil, a Monsanto terá agora três marcas: Agroceres, Dekalb e Agroeste.

A Monsanto lança, em média, três híbridos de milho por ano. A nova marca, que terá operação independente das demais, coloca no mercado duas variedades de milho por ano.

O papel do milho transgênico pode ser determinante no novo momento do setor. Segundo a Agroconsult, a expectativa é que a área de milho na safra de verão cresça 2,5%, alcançando 9,5 milhões de hectares. Na safra de inverno, o plantio de milho alcançou 4,3 milhões de hectares, expansão de 33% - crescimento estimulado pelo aumento do preço internacional da commodity e provocado pelo uso do milho como matéria-prima para produção de etanol nos EUA.

Neste ano, segundo Pessôa, o Brasil deverá bater o recorde de exportação de milho: 8,5 milhões de toneladas. São números que estimulam a ofensiva das múltis.

OESP, 12/09/2007, Economia, p. B14

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