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Mercado aponta fragilidade em consórcio

FSP, Dinheiro, p. B3
20 de Abr de 2010

Mercado aponta fragilidade em consórcio

Leila Coimbra
Da sucursal de Brasília

O mercado vê como favorito o consórcio liderado por Andrade Gutierrez e Furnas na disputa pela concessão da hidrelétrica de Belo Monte, que pode acontecer hoje, caso a AGU (Advocacia-Geral da União) consiga derrubar a liminar que suspende o leilão.
O diferencial do grupo seria contar em sua composição com autoprodutores (indústrias que terão parte da energia produzida para o seu consumo próprio), como a Vale e a CBA (Companhia Brasileira do Alumínio, do grupo Votorantim).
O outro consórcio, liderado por Queiroz Galvão e Chesf, possui apenas empreiteiras, empresas de energia e de engenharia em sua composição.
A presença de autoprodutores muda as regras do leilão: o consórcio que possui esse tipo de investidor tem que destinar 70% da energia para o mercado cativo (residencial), onde os preços são mais baixos, enquanto os grupos que não contam com esse tipo de sócio são obrigados a destinar fatia maior para o mercado regulado: 90% da produção.
Na visão de Mario Menel, presidente da Abiape (Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia), a presença de um autoprodutor é uma vantagem competitiva e permite que o consórcio que tenha esse tipo de sócio tenha margem para fazer um deságio maior em relação a um competidor sem as mesmas condições de negociação da energia a ser produzida.
Silvio Areco, ex-diretor da Cesp e agora consultor da área de energia da Andrade e Canellas, diz que há um beneficio na comercialização por parte dos autoprodutores, já que o consórcio pode destinar um volume maior de energia para lugares onde a comercialização é feita a preços mais altos.
Autoprodutores como CSN, Gerdau e Braskem foram chamados pelo governo para viabilizar os dois consórcios para o leilão de Belo Monte. Mas as conversas foram feitas após o anúncio da saída de Camargo Corrêa e Odebrecht da disputa, às vésperas do leilão, e não houve tempo hábil para que esses grupos se juntassem formalmente aos consórcios.
Existem, porém, entendimentos para uma reorganização societária futura nos grupos que estão na disputa, em que essas empresas entrariam como "parceiras estratégicas", brecha permitida pelo edital.
O grupo que vencer o leilão terá que passar necessariamente por uma reformulação societária. O edital prevê que construtores e fornecedores tenham até 20% de participação no grupo na hora da assinatura do contrato. Mas no consórcio da Queiroz Galvão esse percentual é de 40% da sociedade, sendo necessário, portanto, uma reformulação breve.
Mesmo que o grupo da Andrade vença, a entrada posterior da Eletronorte no negócio, conforme definido, também significará nova formação.

FSP, 20/04/2010, Dinheiro, p. B3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2004201005.htm

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