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Menos 'colonizador', Brasil tem portas abertas na África

FSP, Mercado, p. B5
Autor: ZAFALON, Mauro
14 de Ago de 2011

Menos 'colonizador', Brasil tem portas abertas na África
Tecnologia agrícola brasileira se adapta ao solo africano com facilidade

Mauro Zafalon
Colunista da Folha

A presença brasileira em países da África vai se intensificar cada vez mais. Grande parte dos países africanos está em um estágio agrícola dos anos 1960 e necessita recuperar rapidamente o tempo perdido nas últimas décadas.
Os governos descobriram que o Brasil é o caminho mais curto. Similaridade de clima, de lavouras, de cultura e o mesmo idoma em vários deles deixam as portas abertas para os brasileiros, que não são vistos como os tradicionais colonizadores europeus.
Se o Brasil quiser fincar pé no continente tem de agir rápido, porque os chineses já têm centros de pesquisas agrícolas em dez países e os indianos também marcam presença em vários deles.
Nesses dois casos, a participação governamental é grande porque eles querem segurança alimentar,diferentemente do Brasil, que se firma como um grande fornecedor mundial de alimentos.
A vantagem do Brasil é que A tecnologia agropecuária do país se adapta ao solo africano.
A condição "continental" brasileira faz com que as variedades de grãos, a cana e atéapecuária tenham condições similares às africanas.
Com isso, os governos africanos sabem que a entrada de seus países na lista de produtores de alimentos pode ser encurtada através da "via Brasil".

TERRA MAIS BARATA
Essa aproximação Brasil África traz vários benefícios para os brasileiros, que passam a ser exportadores não apenas de commodities (soja, café, álcool etc.),mas também de tecnologia agrícola, incluindo sementes, genética e equipamentos.
Os produtores brasileiros Vão encontrar,pelo menos no início, terras com preços mais baixos do que os já atingidos no Brasil,o que reduz os custos de produção.
Além disso, as tradicionais barreiras não tarifárias, que aumentam conforme o Brasil ganha importância no cenário mundial agrícola, são menores para os países africanos, principalmente as impostas pelos europeus.
No campo político,a aproximação brasileira com os africanos pode render frutos para a pretensão do Brasil de ganhar importância em organismos internacionais.

MEDO
Mas essa aproximação traz medo em parte do setor agropecuário.
Na avaliação de muitos, o país estaria entregando "de bandeja" tecnologias obtidas durante anos e, com isso, alimentando um futuro concorrente.
O temor parece exagerado porque a disponibilidade de terras nesses países é bem menor do que a no Brasil,que a cada ano aumenta a produção de alimentos.
Entre as dificuldades que os brasileiros vão encontrar na África está a da estrutura fundiária. Grande parte das terras férteis ainda está em mãos tribais e de generais, devido a acordos políticos.
Eles necessitam de parcerias com produtores experientes, mas essa negociação pode ser feita com muita desconfiança.
Por isso, participação do mercado financeiro na produção agrícola ainda é restrita no continente.

FSP, 14/08/2011, Mercado, p. B5

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1408201110.htm

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