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MEMÓRIA VIVA DOS ÍNDIOS TAPEBA

Diário do Nordeste-Fortaleza-CE
04 de Nov de 2002

Informalidade e aulas prazerosas sobre cultura ancestral

Poder assistir aula descalço, não ter que usar uniforme e transformar as sextas-feiras mais
prazerosas, através da dança do Toré e discussões sobre a vida e a luta dos seus ancestrais.
A mudança da aula convencional para a aula diferenciada indígena na comunidade dos
Tapeba, em Caucaia, aproximou ainda mais os jovens índios na busca da identidade. Uma
outra grande vitória foi o lançamento da cartilha "Memória Viva dos Índios Tapeba", este ano, numa parceria da comunidade com a Seduc.
A proposta de valorização da cultura na comunidade Tapeba pode ser considerada pioneira. Há 10 anos, debaixo de uma mangueira, um pequeno grupo de meninos e meninasindígenas
iniciou as primeiras lições, mas sem muita base curricular. Com a procura aumentando, a
escola passou para um galpão de palha, depois para um galpão de tijolo e, por fim, está
funcionando numa modesta casa alugada pelo Governo do Estado.
Segundo o líder comunitário e diretor da Escola Diferenciada Tapeba do Trilho, Francisco
Cláudio Alves dos Reis, popularmente conhecido como Cajá, neste ano a procura por vagas
continuou maior que o número de professores indígenas preparados para a formação deles.
Com 150 alunos oficialmente matriculados, a escola oferece desde a Alfabetização, Pré I e
Pré-II até a 5ª série. Cajá lembra que professores brancos só passaram pela escola quando era administrada pela Prefeitura Municipal de Caucaia.
A experiência não agradou muito a comunidade, que alega falta de comprometimento com a cultura deles. Vencida a barreira, a meta hoje é ampliar as salas de aula e formar mais e mais professores indígenas, cujo quadro atual é de apenas nove.
Na escola, a professora Maria Iolanda de Oliveira Ambrósio têm uma missão muito difícil:
Ensinar, dentro do mesmo espaço físico, para duas turmas: 3ª e 4ª séries.
A árdua tarefa é resultado da falta de professores indígenas. Pelo menos no primeiro semestre letivo, a professora não sentiu dificuldades em comandar as duas turmas. Para os alunos aprenderem Matemática, ela utiliza o próprio colar, feito de sementes de urucum.
Aulas como essa de Matemática e a liberdade de ir descalço para a aula ficaram ainda mais
interessantes na opinião da indiazinha Luana Teixeira Soares, 11 anos, atualmente cursando a 3ª série. A família dela vive do artesanato e a perfeição que adquiriu ao confeccionar colares, saia de tucum (feita a partir da palha da carnaúba), brincos e pulseiras, ensina para os amigos durante as sextas-feiras culturais.

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