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A melhor maneira de conhecê-los: no papel

OESP, Viagem, p. V12-V13
25 de Mai de 2004

A melhor maneira de conhecê-los: no papel
Das 52 grandes reservas naturais brasileiras, apenas 23 servem, de fato, ao turismo. Faltam recursos e novos investimentos, sobram problemas. Por enquanto, a maior parte dessas unidades de conservação só pode ser "visitada" por meio dos livros

FÁBIO VENDRAME

Todas as principais unidades de conservação brasileiras poderão ser vistas a partir de 2 de junho nas páginas de Parques Nacionais Brasil, da Empresa das Artes, a ser lançado na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, em São Paulo. Em 240 páginas, o livro (R$ 120,00) traz muitas informações e fotografias, belíssimas, dos 52 Parques Nacionais do País.
Fruto de um trabalho acurado de levantamento de informações, com a colaboração do Ibama, reunidas em textos de Reinaldo de Andrade e Sérgio Simões, o livro conta também com imagens feitas por Araquém Alcântara, que há 20 anos percorre as reservas naturais do Brasil.
"Este livro é uma versão atualizada e ampliada do Terra Brasil", diz Alcântara. O fotógrafo se refere a sua primeira obra dessa envergadura, publicada em 1998. De lá para cá, foram criados 16 Parques Nacionais. "Foram necessários mais três anos para complementar o trabalho."
A obra, segundo Alcântara, mostra o que ele chama de "as verdadeiras riquezas do Brasil". "Os Parques Nacionais são a quintessência da natureza brasileira, a coisa mais valiosa de um povo", diz. "É como se fossem o tesouro de uma nação e, por isso, merecem o máximo cuidado."
Vem à tona o inevitável. Profundo conhecedor do assunto, Alcântara demonstra indignação com a situação atual em que se encontram as unidades de conservação. "Não dá para entender: a maior parte dos parques está fechada à visitação e não tem plano de manejo", diz. "Nossos santuários estão só no papel", lamenta.
Dos 52 Parques Nacionais, apenas 23 servem, de fato, ao turismo. Com o auxílio do Ibama, o Estado levantou os parques que estão oficialmente abertos à visitação e os apresenta no mapa acima.
Pode parecer estranho que, por exemplo, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses - para onde se vendem pacotes turísticos - não apareça no mapa, mas o Ibama informa que ainda não existe controle sistemático de registro de entrada de visitantes.
"Entre as prioridades das unidades de conservação estão a pesquisa científica, a educação ambiental e a visitação pública", ressalta o coordenador geral das unidades de conservação do Ibama, Ivan Baptiston.
"Apenas 14 Parques Nacionais têm plano de manejo atualizado", informa ele.
Há apenas três meses no cargo, Baptiston ressalta que estão em curso planos de fortalecimento da atividade turística nos Parques Nacionais. "Buscamos também parcerias com a iniciativa privada para alavancar o funcionamento dos parques."
O cenário atual, no entanto, é desfavorável. A falta de investimento em infra-estrutura resulta numa série de problemas. Degradação ambiental e ocupação irregular continuam assolando as reservas naturais brasileiras.
A dificuldade começa na obtenção de dados. Não há estatísticas sobre quantos visitantes os parques brasileiros recebem por ano. Sabe-se apenas que o Parque Nacional do Iguaçu, o mais visitado, registrou cerca de 740 mil visitantes no ano passado. Contra-exemplo extremo, os Estados Unidos registraram o ingresso de 266 milhões de turistas em seus parques nacionais no ano passado.
No Brasil, a principal fonte de recursos dos parques é a União, que destinou este ano cerca de R$ 12 milhões para atividades de manejo e custeio das diversas unidades de conservação. "Valor muito aquém do necessário", diz Baptiston. E mais: a verba arrecadada com turismo não é revertida diretamente para os parques. Vai para os cofres federais.

Atrações compõem mosaico da biodiversidade do País
Cada uma das áreas destinadas à preservação guarda belezas exclusivas
Conheça os destaques dos Parques Nacionais abertos ao turismo:
Abrolhos - O primeiro parque marinho do País ganhou, há dez dias, um centro de visitantes com áreas de lazer, convivência, pesquisa e informação.
Amazônia - Muito procurado por estrangeiros, em especial pelos adeptos do turismo de observação de aves.
Aparados da Serra - Os canyons do Itaimbezinho formam uma fenda que se estende por quase 6 quilômetros e chega a alcançar 600 metros de altura.
Brasília - A menos de dez quilômetros do centro da Capital Federal, fica no divisor de águas das bacias Amazônica, do Prata e do São Francisco.
Caparaó - Protege o Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil, com 2.890 metros de altitude.
Chapada Diamantina - A Cachoeira da Fumaça é uma queda-d'água com 340 metros de altura, cujas águas se pulverizam antes de chegar ao chão.
Chapada dos Guimarães - Além de inscrições rupestres, a Aroe Jari (Morada das Almas em bororo) é a segunda maior caverna de arenito do Brasil.
Chapada dos Veadeiros - Abriga formações geológicas com mais de 200 milhões de anos e é cercada de misticismo por estar próxima da cidade de Alto Paraíso de Goiás.
Emas - Observar animais como lobos-guará, antas, sucuris, tamanduás, suçuaranas e, é claro, emas vale a visita à maior reserva protegida de cerrado do País.
Fernando de Noronha - Para deleite dos mergulhadores, oferece um paraíso submerso na forma de extensos recifes de corais, de 15 espécies, onde coabitam lagostas, 230 tipos de peixes e 5 de tubarões.
Iguaçu - Um dos maiores espetáculos naturais do País, as cataratas constam da lista de Patrimônios Mundiais da Unesco.
Itatiaia - Criado em 1937, é a primeira unidade de conservação do País e engloba o Pico Itatiaiaçu, nas Agulhas Negras, com 2.787 metros de altitude.
Lagoa do Peixe - Na época da cheia, a água do mar traz grande quantidade de plânctons e peixes.
Monte Pascoal - Guarda a primeira paisagem do Brasil registrada pelos portugueses.
Serra da Bocaina - Sua atração clássica é a travessia da Serra do Mar pela Trilha do Ouro, antigo caminho que ligava Minas Gerais a Paraty.
Serra da Canastra - Protege a nascente dos Rios Araguari e do São Francisco, em cuja continuação forma a Cachoeira Casca D'Anta, seu cartão-postal.
Serra da Capivara - Dos mais de 400 sítios arqueológicos da região - a maior concentração conhecida das Américas -, menos de 20 estão abertos à visitação e apresentam mais de 25 mil inscrições rupestres.
Serra do Cipó - Perto de Belo Horizonte, protege parte da Cadeia do Espinhaço, antiga rota utilizada pelos bandeirantes.
Serra Geral - Contíguo a Aparados da Serra, apresenta canyons com paredões de até 900 metros de profundidade.
Serra dos Órgãos - O símbolo da reserva é o Dedo de Deus, com altitude de 1.692 metros, de onde se pode ver a cidade do Rio de Janeiro em dias claros.
Sete Cidades - O conjunto de rochas que forma as cidades de pedra apresentam aspectos curiosos e recebem nomes inspirados, como Três Reis Magos e Pedra da Tartaruga.
Tijuca - Guarda a maior floresta urbana do mundo e oferece inúmeras trilhas e pontos clássicos, como a Pedra da Gávea e o Corcovado.
Ubajara - Um teleférico leva até a gruta do Ubajara, que tem nove salas e parte das trilhas iluminadas. (F.V.)

OESP, 25/05/2004, Viagem, p. V12-V13

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