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Meio ambiente invade as universidades

OESP, Geral, p. A13
05 de Jun de 2004

Meio ambiente invade as universidades
Com o aumento no número de cursos de graduação e pós, crescem também as pesquisas

EVANILDO DA SILVEIRA

Na data em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, já se pode dizer que vai longe o tempo no Brasil em que a preocupação com poluição, desmatamento, mudanças climáticas, aquecimento global, desenvolvimento sustentável e outras questões ambientais era coisa apenas de ONGs ou ecologistas. De uns tempos para cá, temas ligados ao meio ambiente invadiram as universidades e institutos de pesquisas e passaram a receber a atenção de pesquisadores das mais diversas áreas. Um dos indicadores disso é o número de cursos de graduação ligados ao meio ambiente, que passou de 33, em 2000, para 176, em 2004, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).
O fenômeno se repete na pós-graduação. Segundo o coordenador do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Marcel Bursztyn, o número de programas de pós-graduação na área de meio ambiente cresceu o dobro das demais áreas nos últimos seis anos- 24 % e 12 %, respectivamente. "O primeiro curso de pós-graduação na área ambiental surgiu há dez anos", diz Bursztyn, que foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na gestão de Cristovam Buarque no MEC. "Hoje, eles são 30."
O crescimento registrado nos últimos anos não significa, porém, que as universidades e outras instituições nunca tivessem se preocupado com os problemas ambientais. "Elas sempre realizaram pesquisas na área", diz a pesquisadora Teresinha Guerra, do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Os trabalhos eram demorados, no entanto, e as dissertações e teses, quando não eram publicadas, faziam parte do acervo bibliográfico das bibliotecas com acesso apenas aos interessados."
Essa situação começou a mudar a partir da década de 80, com o surgimento da legislação ambiental brasileira. "Nessa época, a preocupação com as questões ambientais começou a se expandir em todos os setores dentro das universidades", explica Terezinha. "Outras áreas do conhecimento, como economia, administração, direito, química e engenharias, também passam a incorporar a questão ambiental em algumas disciplinas e programas de pós-graduação e pesquisa. Hoje, praticamente todas as universidades têm núcleos que atuam na área ambiental."
Mais visibilidade - Além disso, hoje esses trabalhos têm mais visibilidade, reforçando a percepção de que o número de pesquisas cresceu. "Muito mais do que no passado, os pesquisadores têm se preocupado em divulgar o resultado de seus trabalhos em veículos que não sejam apenas as revistas especializadas", explica Maria Isabel Castreghini de Freitas, chefe da Coordenadoria Especial de Meio Ambiente da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
"A imprensa e a internet têm sido veículos importantes e mais eficientes para divulgar essas pesquisas." De certa forma, o crescimento do número de cursos e de pesquisas na área também é ã resposta à demanda que existe na sociedade por conhecimentos e soluções para os problemas ecológicos. "Essa demanda é imensa", diz a ecóloga Lúcia Ferreira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Principalmente em três temas: recursos hídricos, biodiversidade e energia. Em menor grau, também merecem atenção as mudanças climáticas, o manejo dos recursos naturais, o turismo ecológico e o consumo sustentável."
Com tanto campo para estudo e atuação, não falta emprego para quem decide seguir carreira em profissões ligadas ao meio ambiente. "Quem se forma nos cursos das áreas ambientais não fica desempregado garante Bursztyn. "O nosso programa de pós-graduação, criado em 1995, é um exemplo. Já formamos 40 doutores e 180 mestres e todos estão empregados."

OESP, 05/06/2004, Geral, p. A13

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