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Médico diz que maior perigo para os ianomâmis são os garimpeiros

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: MAURA CAMPANILI
03 de Out de 2002

Ameaças ao bem-estar físico e social dos índios ianomâmis, da Amazônia, não se restringem à presença de militares, mas de todas as pessoas de fora que transitam na área indígena, principalmente garimpeiros. O alerta é do médico Cláudio Esteves de Oliveira, presidente da Urihi Saúde Yanomami, organização não-governamental que, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), presta atendimento a cerca de 6,8 mil índios.

O comentário refere-se à reportagem publicada no The New York Times (realizada em Roraima e assinada por Larry Rohter), buscando mostrar que a sobrevivência dos ianomâmis está ameaçada pelos militares na região. Segundo a matéria, com o aumento da presença das Forças Armadas brasileiras nas terras indígenas, os soldados estão mantendo relações sexuais com mulheres ianomâmis, engravidando-as e disseminando doenças venéreas.

"Há problemas relativos a relacionamentos sexuais com índios em todas as instituições autorizadas a desenvolver atividades na área indígena, sejam militares, funcionários públicos da área de saúde e da Funai, organizações não-governamentais e até missões religiosas. Todas têm ou tiveram casos nesse sentido e os índios se queixam de que essas relações desestabilizam sua estrutura interna", diz o médico.

Para Oliveira, porém, as maiores ameaças não estão nas instituições oficiais, mas nos garimpeiros (entre 400 e 800, segundo estimativas da Funai), que estão tendo relações sexuais, distribuindo munição e estimulando conflitos entre as aldeias ianomâmis. "Atualmente, com o início do monitoramento do Sivam, a Funai e a Polícia Federal conseguem controlar a entrada dos invasores na área, mas faltam os meios materiais para combater o problema."

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