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Mato Grosso vai abrigar a primeira reserva indígena dos povos chiquitanos do Brasil.

Estação Vida-Cuiabá-MT
Autor: Josana Salles
12 de Mar de 2003

Ela será instalada próximo aos municípios de Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda, a noroeste do estado de Mato Grosso, região de fronteira com a Bolívia. Grande parte dos chiquitanos vive há muitos séculos na área, principalmente na Bolívia. Em Mato Grosso eles são entre 2 mil a 3 mil espalhados por estes municípios e Cáceres, nas margens do rio Paraguai, a 244 Km de Cuiabá. A Funai já realizou um levantamento localizando os índios e suas ocupações, na maioria das vezes, pequenas roças na área de fronteira que tem reconhecimento do Exército como populações nativas. Ainda esta semana, será publicado no Diário Oficial da União Edital de Licitação que torna público os estudos e define limites de área. A partir daí será formado um grupo técnico para dar continuidade no processo demarcatório. Desde 1992 a localização destes índios no Mato Grosso foi incluída no Prodeagro, mas não foi realizada, portanto só foram utilizados recursos próprios da Funai.
O administrador da Funai de Cuiabá, Ariovaldo José dos Santos conta que a cidade de Cáceres, assim como Porto Esperidião e Pontes e Lacerda, foi fundada numa aldeia chiquitana. As primeiras vilas de garimpeiros na região, surgidas a partir de 1738 tinham chiquitanos ou eram próximas de suas roças. E eram destas roças que sobreviviam os europeus colonizadores como Raposo Tavares, Luis Albuquerque [fundador de Cáceres] e outros. Na região, os chiquitanos são confundidos com "bugres" - termo pejorativo para índio. Com isso, segundo Ari, muitos têm medo de confirmarem sua identidade porque se falarem que são chiquitanos podem ser tratados como bolivianos.
Os chiquitanos são famosos do lado boliviano pelo belíssimo trabalho arquitetônico que desenvolveram junto às missões jesuítas naquele país. A colonização espanhola transformou a cultura chiquitana e as características cristãs são muito fortes até hoje. A Missão de São Simão é uma das mais visitadas, com igrejas esculpidas em ouro e prata.
Rituais e festas religiosas são muito comuns até hoje na região. Outro fator é que em função das baixas temperaturas dos Andes e da fronteira com o Brasil, os chiquitanos vestiam roupas, influência dos jesuítas.

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