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Mato Grosso ainda tem nove referências de índios sem contato com brancos

24 Horas News-Cuiabá-MT
07 de Set de 2003

Mato Grosso ainda possui povos indígenas isolados. De acordo com levantamento realizado pela administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), nove referências indígenas continuam isoladas, nos Municípios de Cotriguaçu, Apiacás, Aripuanã, Tabaporã, Juara, Juína e Comodoro. A explicação seria o fato de que estes povos ainda não constituíram aldeias e viveriam de forma nômade nestas regiões, tendo sido constatadas suas existências por meio de depoimentos de pescadores e agricultores.

Os povos isolados seriam Moreru/Pacutinga, Rio Bararati, Igarapé Anil/São Tomé, Piripicura, Apiacás, Baixinhos, Rio Tenente Marques, Cabixi e Rio Pardo. O levantamento foi realizado pela Funai em 1987 e atualizado em 2001. De acordo com o superintendente ouvidor de Política Indigenista de Mato Grosso, Idevar Sardinha, o contato dos índios com a sociedade não indígena acabou por desencadear problemas sociais dentro das aldeias, como alcoolismo e prostituição.

E a idéia do Estado é trabalhar em conjunto com pessoas que lidam diretamente com estas e outras questões e outras. Mesmo fugindo das atribuições do Estado, o Governo buscará parcerias nas universidades e associações.

A responsabilidade da área de Saúde dos índios é da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), mas, apesar desta atribuição não ser do Estado, o Governo de Mato Grosso pretende auxiliar no que for possível. No final de agosto, o governador Blairo Maggi assinou protocolo de intenções com índios xavantes da Reserva Sangradouro/Volta Grande, em Primavera do Leste, e a construção de um posto de saúde na aldeia é um dos itens do acordo.

Sardinha acredita que trabalhar a auto-estima dos índios pode minimizar esses problemas. E cita alguns casos em que novas gerações das aldeias perderam o referencial de suas raízes. "Eles [índios] estão deslumbrados com o fetiche da civilização 'branca' e perdendo um pouco a cultura tradicional. E isto acarreta na perda de papel das lideranças antigas, provocando conflitos entre o modelo tradicional e o que a nossa sociedade introjetou na cultura deles, o que influencia muito no fomento do alcoolismo e demais vícios", afirmou.

O superintendente ressalta que os povos indígenas em contato mais direto com a sociedade não indígena tendem a ser mais influenciados pela cultura "branca". E exemplifica com o caso de uma aldeia em Dourados (MS), onde os índios estão praticamente no subúrbio da cidade e, em Campo Grande, onde há um bairro de índios terena. Em Mato Grosso ele cita como exemplo o Município de Rondonópolis (210 km ao Sul de Cuiabá), em que há uma aldeia a 20 quilômetros da cidade.

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