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Marina, a rebelde no Senado

CB, Política, p. 4
15 de Mai de 2008

Marina, a rebelde no Senado
Independência da agora senadora deixa bancada do PT em alerta. Ela será firme na defesa das políticas ambientais de sua gestão

Ugo Braga e Leandro Colon
Da equipe do Correio

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC) retoma o mandato de senadora possivelmente na próxima terça-feira já com a pecha de "independente" dentro do bloco de apoio ao governo - aliança parlamentar formada por PT, PCdoB, PSB, PP e PR, integrada por 20 congressistas. Nas conversas internas, os aliados a comparam ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que nem sempre vota conforme a orientação do Palácio do Planalto e ainda usa a tribuna para cutucar o governo quando discorda dos encaminhamentos.

Líder do bloco, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) não escondeu a preocupação com a saída do obediente suplente Sibá Machado e a entrada da incontrolável titular Marina Silva. Pouco depois do pedido de demissão, ainda na terça-feira, por conta de um erro de comunicação, Ideli recebeu do ministro de Relações Institucionais, José Múcio, a informação de que o presidente Lula estava tentando fazer a ministra mudar de idéia e ficar no governo. A senadora petista, então, andou de um lado para o outro, no plenário, falando em voz alta: "Temos que segurar o Sibá, temos que segurar o Sibá".

Depois de receber a informação completa - Marina entregara o cargo em caráter irrevogável -, a líder passou às declarações protocolares. "Nós, da bancada do PT, a acolheremos de braços abertos pelo trabalho que ela já desenvolveu neste Senado da República, pelo patrimônio que é, que muito nos orgulha, como petista, como mulher, como liderança política proeminente de todo o nosso país", discursou, valendo-se dos microfones do plenário.

Petistas da Câmara prevêem também uma atuação firme da ex-ministra contra o esperado abrandamento da política ambiental a ser tocada pelo novo titular da pasta, Carlos Minc. No Congresso, é recorrente a análise de que a saída de Marina do governo é sinal de uma escolha. A partir dela, o licenciamento de obras públicas e privadas país afora acontecerá de forma mais célere e menos rigorosa.

Em conversa com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teceu comentários sobre o pedido de demissão. Ele disse não estar magoado com a aliada. "Sinto como se um filho estivesse saindo de casa. Por um lado, ele não vai mais estar ali, do meu lado. Por outro, vai ganhar a vida e procurar o próprio caminho."

CB, 15/05/2008, Política, p. 4

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