VOLTAR

Marina quer consórcio de participação social nas decisões da BR-163

Estação Vida
21 de Nov de 2003

Marina quer consórcio de participação social nas decisões da BR-163

Terminou em clima de paz entre ongs, governos federal e estadual e empresários o Encontro BR 163 Sustentável, promovido pelas ongs brasileiras Instituto Sócioambiental - ISA e Instituto Centro de Vida - ICV com apoio do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento-Formad, WWF, Greenpeace e outras entidades ambientalistas. O encontro, ocorrido entre 18 e 20 de novembro em Sinop [MT], onde 250 pessoas, representantes de movimentos sociais, levantaram problemas e soluções para minimizar possíveis impactos sociais, culturais e ambientais após o asfaltamento da BR 163 tanto do lado matogrossense como no Pará.

A ministra Marina Silva apresentou uma proposta de criação de um grupo de trabalho ou até mesmo um consórcio social, que tenha a participação dos movimentos sociais nas decisões em relação à rodovia BR 163. Marina disse que o encontro organizado pelas ongs em Sinop foi fundamental para mostrar muitos erros cometidos no passado com obras públicas na região como também foi uma demonstração de maturidade e democracia, onde a sociedade civil tem direito de se reunir , discutir e propor ações. A ministra confirmou a preocupação do governo federal com o asfaltamento da rodovia tanto no Mato Grosso como no Pará e por isso tem 11 ministérios envolvidos com a questão.

No encerramento do encontro, os ministros Ciro Gomes e Marina Silva e o governador Blairo Maggi receberam um documento de quatro páginas com as reivindicações, baseadas principalmente em regularização fundiária, fortalecimento da agricultura familiar, proteção dos recursos naturais, proteção das terras indígenas e criação de um corredor de unidades de conservação baseado na Serra do Cachimbo e Parque estadual do Cristalino, considerado pela ciência internacional como a área de maior biodiversidade do planeta.

Mas um dos saldos considerados mais positivos do encontro é que não resta mais dúvidas de que os ambientalistas não são contrários ao asfaltamento, desde que a obra da estrada seja feita de forma sustentável, planejada como jamais se fez uma rodovia no Brasil. 'Pelo que dito aqui e lido no documento não temos mais dois lados , mas um só objetivo. Precisamos agora fazer concessões, juntar os cacos do passado e evitar os problemas no futuro.

Essa é a principal lição que vamos tirar neste evento", afirmou o governador Blairo Maggi. Blairo disse ainda que pretende pagar a conta que tem o governo do estado quanto aos muitos problemas que foram colocados pelas lideranças indígenas , tais como a destruição dos rios e a invasão das áreas indígenas. Ao todo 17% do território mato-grossense é de áreas indígenas. O governador determinou que a Policia militar faça a segurança dos índios e suas aldeias.

Antes de discursar, o governador e o ministro Ciro Gomes ouviram atentamente o relatório de reivindicações e o posicionamento das ongs , marcado pelo discurso do coordenador do ICV e representante do Fórum estadual do Meio Ambiente - Formad, Sergio Guimarães. 'Não somos contra o asfaltamento da rodovia, achamos que ela é fundamental para o desenvolvimento da região mas não abrimos mão de participar do processo e assegurar os direitos dos trabalhadores rurais, dos índios e da preservação dos recursos naturais. Por isso estamos aqui propondo soluções', disse.

Josana Salles

Estação Vida, 21/11/2003

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.