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Marina já fala como candidata do PV

OESP, Nacional, p. A7
12 de Ago de 2009

Marina já fala como candidata do PV
Ela diz que risco de perder mandato no Senado se deixar o PT não a preocupa

João Domingos

A senadora Marina Silva (PT-AC) já fala como candidata do PV à Presidência. Embora não tenha dado a resposta definitiva ao convite dos verdes para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem, suas declarações deixam claro que o PT, no qual milita há 30 anos, já é parte do passado. E seu plano agora é abraçar as novas utopias. "Estou com 50 anos e é isso que me leva a essa (nova) discussão. Nós precisamos ter novos mantenedores de sonhos e de utopias."

No Palácio do Planalto já é dada como certa a saída de Marina. Lula acha que a ex-ministra deixará mesmo o PT. Não pretende procurá-la, porque acha que pode ouvir um "não".

Desde que Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente, em 13 de maio de 2008, os dois estão cada vez mais distantes. A presença de Marina numa cerimônia no Planalto, no ano passado, chegou a ser constrangedora, visto que ela não sorriu em resposta a nenhuma das brincadeiras feitas por Lula. E, nos últimos meses, a distância só aumentou.

Marina opôs-se à aprovação da medida provisória que regularizou terras da União ocupadas ilegalmente na Amazônia. Chegou a fazer um apelo ao presidente para que vetasse artigos tidos como prejudiciais à floresta, mas ele não a ouviu.

A senadora afirma que está vivendo um sério momento de reflexão e não teme nem mesmo uma punição partidária, como a possibilidade de o PT invocar a fidelidade partidária e lhe tomar o mandato, caso vá para o PV. "Meu mandato é uma honra tê-lo recebido do povo acreano. E eu o tenho honrado até hoje. Mas não será o medo da perda do mandato que me fará desistir de qualquer coisa que acredito ou defendo. Quando você fala de algo com a magnitude que estou fazendo, o cálculo político (da manutenção do mandato) apequena o debate."

Outro indicativo da disposição de Marina de mudar de partido está na resposta que deu à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata a presidente pelo PT. No sábado, Dilma fez um apelo para que Marina não saia do partido. "Fiquei sabendo que ela fez um apelo e, ao mesmo tempo, disse que me entende. Afinal, ela saiu do PDT para ir para o PT e sabe como é isso", respondeu Marina.

IMPACTO

A senadora teve momentos de conflito com a chefe da Casa Civil quando estava no governo. Ela defende uma política de desenvolvimento sustentável, enquanto Dilma, gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), luta pelas obras.

O provável impacto da candidatura de Marina ainda está sendo analisado no governo. Mas já se acredita que será grande. Um dos raciocínios é que ela atrairá grande parte dos votos das classes A e B, normalmente as mais preocupadas com as questões ambientais, além dos formadores de opinião.

Como nem Lula nem Dilma têm uma bandeira que diga respeito às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável, Marina vai aparecer como contraponto aos dois, justamente num momento em que o mundo discute o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Desde que recebeu oficialmente o convite do PV, no dia 29 passado, Marina tem procurado ouvir amigos, conselheiros e petistas. Ontem, recebeu o ex-senador José Eduardo Dutra, candidato à presidência do PT, que lhe fez um apelo para ficar. "O melhor dos mundos é Marina no PT. Mas, se ela sair candidata por outro partido, paciência, vamos ver se dá para fazer aliança no segundo turno", disse.

Marina motivou até carta aberta da bancada do PT no Senado, que pediu sua permanência no partido. Cheia de elogios, liga a trajetória de Marina à do PT. "Seu vínculo com o PT jamais se quebrará. Sempre será assim, esteja onde ela estiver. E, esteja onde ela estiver, terá nosso carinho, nossa admiração, nossa história comum."
Colaborou Denise Madueño

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1o turno das eleições

Gabeira se anima para disputa no Rio
Deputado pretende reunir apoio de Marina e Serra no 1.o turno

Alexandre Rodrigues, RIO

O deputado Fernando Gabeira (PV) disse ontem que a possibilidade de a senadora Marina Silva trocar o PT pelo PV é favorável a seu projeto. "Pode ter impacto positivo na minha decisão, já que eu poderia ser candidato ao governo com dois palanques nacionais: Marina e Serra. No primeiro turno, eu apresentaria a Marina, mas não deixaria de afirmar que o Serra é uma boa opção, deixando o caminho aberto para desembarcar na candidatura dele no segundo turno", disse.

"E os dois candidatos me apoiariam, aumentando as chances da minha candidatura", destacou Gabeira. O PSDB, porém, vê com preocupação esse cenário, já que a divisão do palanque enfraqueceria o candidato tucano no Estado.

Gabeira insiste que a aliança regional continuaria viável com Marina. O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), candidato a vice na chapa de Gabeira para prefeito em 2008, observa que, com o fim da verticalização, é possível a reunião dos partidos de oposição em torno do verde no Rio, dando-lhe tempo de TV e estrutura partidária. Beneficiaria Serra, mesmo com Marina.

Enquanto isso, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) se posiciona como alternativa. Espera Gabeira, mas indica que aceitaria liderar o palanque fluminense do candidato nacional tucano.

No grupo do governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição e principal cabo eleitoral da ministra Dilma Rousseff no Rio, a expectativa é de que uma candidatura de Marina pelo PV tire as últimas dúvidas de Gabeira para se decidir pelo Senado, eleição que as pesquisas mostram bem mais fácil do que a tarefa de bater Cabral. É também o caminho preferido dos dirigentes do PV do Rio. Gabeira, porém, refuta: "Essa é a interpretação que interessa ao Planalto."

OESP, 12/08/2009, Nacional, p. A7

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