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Mares cada vez mais ácidos

O Globo, Ciência, p. 30
25 de Nov de 2008

Mares cada vez mais ácidos
Emissões de CO2 desequilibram oceanos e ameaçam conchas e corais

O aumento dos níveis globais de dióxido de carbono (CO2) elevou a acidez dos oceanos dez vezes mais depressa do que cientistas haviam previsto no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), apresentado no ano passado. O impacto ambiental mais imediato é uma ameaça direta a criaturas que formam conchas e carapaças, como numerosas espécies de moluscos e corais.
Os oceanos absorvem aproximadamente um terço de todo o CO2 liberado na atmosfera por atividades humanas. Quando o CO2 se dissolve na água, ela forma o ácido carbônico, que altera o delicado equilíbrio químico dos mares. Altas concentrações de ácido na água podem afetar numerosos processos biológicos. O mais evidente deles é que o ácido dissolve o carbonato de cálcio, que compõe as conchas e os recifes de corais.
Realizado por cientistas da Universidade de Chicago, o estudo foi publicado na edição desta semana da revista americana "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).
Para fazer a pesquisa, os cientistas mediram minuciosamente, por oito anos, os níveis de acidez, salinidade e temperatura da Ilha Tatoosh, no litoral do estado americano de Washington. O local foi escolhido porque suas condições são bem estudadas e há um histórico ambiental confiável para fazer comparações e análises.
Os pesquisadores observaram que, na natureza, o mar se torna mais ácido numa velocidade muito maior do que a prevista por modelos computacionais. O grupo liderado por Timothy Wootton está convencido de que entre as conseqüências a longo prazo da redução do pH marinho está a transformação de habitats e a mudança da base da cadeia alimentar.
- Ficamos alarmados. Vimos uma clara relação de causa e efeito entre aumento das emissões de CO2 e acidez dos mares. Precisamos medir o impacto global - disse Wootton.
Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera começaram a aumentar no início da Revolução Industrial e agora estão em seu ponto mais alto dos últimos 650 mil anos, segundo estimativas baseadas em registros climáticos naturais, como gelo antigo e profundo da Antártica. Agora, pesquisadores terão que rever a previsão de que acidificação dos oceanos poderia levar os recifes de corais a desaparecer até o fim do século.

O Globo, 25/11/2008, Ciência, p. 30

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