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Marcus Barros defende diálogo para retirada de arrozeiros

CIR-Boa Vista-RR
27 de Fev de 2003

O presidente do Ibama, Marcus Barros, em reunião nesta quinta-feira (27/02), com as lideranças Indígenas de Roraima, comprometeu-se a encontrar uma alternativa para retirada dos arrozeiros da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e dos invasores do Moro do Quiabo, área São Marcos. Ao final da reunião ele recebeu um documento com reivindicações apresentadas pelo CIR e Apirr (Associação dos Povos Indígenas de Roraima).

"Roraima é um estado símbolo por ter ainda a resistência dos povos indígenas. É um estado símbolo do que significa meio ambiente e populações indígenas. Nem o meu estado [Amazonas] é tão importante nesse aspecto", disse Marcus Barros, o primeiro presidente do Ibama a solicitar uma reunião com indígenas em Roraima.

Ao receber documento com denúncias e reivindicações assinadas pelo CIR e Apirr, o presidente do Ibama declarou ser "um combatente das injustiças" e pretender colocar o ser humano no centro do debate sobre a conservação ambiental. Ele garantiu que enquanto estiver no Ibama vai resistir as formas de desenvolvimento que agridam as comunidades indígenas. "Isso é uma coisa que faço a quase trinta anos", frisou.

Acompanhado do diretor do Ibama, Flávio Montiel, o presidente informou que ao sair da reunião no CIR, teria uma conversa com os arrozeiros na busca de uma solução para a retirada de lavouras das várzeas dos rios Surumú e Cotingo, em Raposa Serra do Sol.

"É preciso discutir com todos. Quero ouvir deles [arrozeiros] quais as propostas deles para saírem da área. Quero discutir com eles as propostas de compensação. Vou dizer: olha isso aqui é terra indígena e nós queremos ver, por outro lado, de que maneira os senhores vão sair".

As lideranças aplaudiram o discurso de Barros quando ele afirmou que "o objetivo é que eles [arrozeiros] saiam de lá, mas tem que negociar. Vamos propor disponibilizar outra área para que façam o plantio. Quero que fique claro o que vamos intermediar. Vamos pensar em 10 alternativas para encontrar uma que resolva o problema", disse o presidente.

Barros também defendeu o diálogo para uma solução aos impasses no Morro do Quiabo, em Pacaraima. Ele sugeriu que as comunidades devem pressionar a prefeitura daquele município para não incentivar a invasão da área nem jogar lixo nas cabeceiras do rio Miang e igarapé do Samã porque precisam da água para abastecer a cidade. "Vamos negociar até a exaustão, quando chegar a exaustão, cumpra-se a lei. Essa é a ordem do presidente Lula", acrescentou.

Na reunião o presidente manifestou a intenção de aproximar o Ibama dos demais órgão federais, principalmente Incra e Funai, além de anunciar substituição do atual gerente regional, Ademir Passarinho. "Nesta sexta-feira, amanhã, vai ser decidido por uma comissão em Brasília a nova gerência. Só posso garantir que será uma mulher", concluiu.

Documento - Mesmo o debate sobre o Morro do Quiabo e as lavouras de arroz sendo temas centrais da reunião com o presidente do Ibama, as lideranças do CIR e Apirr registraram, em documento, a invasão na área Yanomami por garimpeiros e por fazendeiros na região do Ajarani; solicitaram a retirada dos lixões nas terras indígenas, instalados pelos Pelotões de Surucucus e Auaris, pela prefeitura do município de Cantá e pelas vilas de Pacaraima, Surumú, Sóco, Uiramutã, Água Fria e Normandia.

O documento contesta a sobreposição das Unidades de Conservação em terras indígenas, como exemplo, a Floresta Nacional Roraima, na área Yanomami e o Parque Nacional Monte Roraima, em Raposa Serra do Sol. As organizações denunciaram, também, os impactos ambientais causados pela plantação de Acácia mangium no entorno das aldeias e manifestaram preocupação com a liberação de licenças ambientais para asfaltamento e interiorização da energia de Guri sem diálogo com as comunidades indígenas.

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