VOLTAR

Marcos Terena anuncia realização dos VI Jogos dos Povos Indígenas

Correio do Tocantins-Marabá-PA
07 de Out de 2003

Coordenador indígena e cultural dos Jogos dos Povos Indígenas, Marcos Terena esteve na aldeia Suruí no último domingo e, na oportunidade, anunciou a sexta versão do evento, que acontece de 1o a 8 de novembro próximo, na Praia da Graciosa, em Palmas, capital do Tocantins. Terena foi o criador do evento, o qual define ser "um sonho de quase 20 anos", realizado pela primeira vez em 1986, inclusive com a ajuda do então ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, Pelé.

"Nos jogos deste ano, não quero dizer que vamos chegar à perfeição, mas chegar bem perto do que deve ser mesmo uns jogos indígenas", observou Terena, afirmando que o evento vem cumprindo, ao longo dos anos seus objetivos: resgatar tradições, costumes e a auto estima, "fortalecendo a cultura de vários povos".

Ele cita como exemplo de resgate cultural os índios Pataxó, da Bahia, que quando vieram participar dos III Jogos dos Povos Indígenas, em Marabá, no ano de 2000, aqui chegaram com características de não-índios, mas daí em diante começaram a resgatar a língua e os costumes. "Este ano eles estão se despedindo dos jogos, porque já estão realizando os próprios jogos".

Sobre a receptividade dos jogos indígenas pelo homem branco, Terena disse que tem sido muito boa, principalmente por parte da comunidade internacional; e da parte dos brasileiros, Marcos Terena disse que muita gente não conhece e, quando se fala no assunto, muitos se emocionam e estão se programando para ir a Palmas.

"É um festival de cultura e esportes tradicionais indígenas, tanto é que nós fomos convidados pelo Canadá, para, no ano que vem, participarmos do Festival Internacional de Esportes Tradicionais", anunciou Terena.

Acerca das dificuldades enfrentadas para a realização de um evento de tão grande porte, Marcos disse que muitas vezes é difícil fazer o governo federal entender que os jogos são muito importantes para a comunidade indígena e transformar em programa. "O Brasil é um País pobre e não tem muitos recursos como qualquer País de Terceiro Mundo".

"Outra dificuldade, e essa até boa, é administrar o fato de tantos parentes [índios] querendo ir aos jogos e não se tem como atender a todos. Tanto é que temos 72 tribos que querem vir para os jogos", explicou Terena, informando que o investimento financeiro em Palmas deve chegar a cerca de R$ 1 milhão, tendo em vista que em Marabá o evento absorveu verba de R$ 800 mil.

Mesmo com o contingenciamento de verbas que está havendo em Brasília, Marcos Terena, conseguiu na última sexta-feira, após árdua reunião no Ministério dos Esportes com que o governo federal bancasse os VI Jogos dos Povos Indígenas com 80% dos recursos e contrapartida de 20% do governo tocantinense.

Quando ele pensou nos jogos, há 20 anos, seu objetivo era que os povos indígenas se conhecessem culturalmente, pois, quando participou de muitos movimentos políticos, a conversa entre os índios era sempre a mesma: demarcação de terras, morte e suicídio entre índios etc.. "Então a impressão que dá é que nós vivemos em constante depressão e não é bem isso, temos o nosso lado alegre e temos de mostrar isso para a sociedade e para os parentes", explica Terena.

Sobre o Esporte Solidário Indígena ele disse que estava feliz porque isso faz parte daquilo que ele pensava quando idealizou o programa. Marcos salientou que espera que o governo do Estado continue com o projeto e estenda para outras aldeias. (E.G.)

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.