Época
25 de Abr de 2011
Marco Maia diz que Código Florestal será votado em maio
Cientistas recomendam mais dois anos de discussão sobre proposta
Redação Época, com Agência Estado e Agência Brasil
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), confirmou a votação do projeto que altera o Código Florestal nos dias 3 e 4 de maio, mesmo depois de ouvir as ponderações da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, sobre a necessidade de adiar a votação para a realização de um estudo de impacto ambiental. Maia promove nesta terça-feira (26) uma reunião dos líderes partidários com os ministros do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence; da Agricultura, Wagner Rossi; e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para expor a posição do governo em relação ao projeto. "O importante é que o governo unificou uma opinião", disse Maia.
O presidente da Câmara afirmou que mudará a data de votação apenas se houver um movimento majoritário pelo adiamento, caso contrário, o projeto irá mesmo à votação no plenário na próxima semana. "Estamos muito perto de um acordo de 100% para a votação do código", disse.
Cientistas recomendam mais dois anos de discussão sobre novo Código Florestal
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) querem que o Congresso Nacional adie por dois anos a votação do novo Código Florestal e tome a decisão sobre a nova lei com base em estudos científicos. A recomendação das duas entidades é baseada em estudo feito por um grupo de trabalho formado por 12 especialistas e publicado nesta segunda-feira (25).
Como a votação do Projeto de Lei no 1876/99 divide ambientalistas e ruralistas, as duas entidades científicas se oferecem para mediar o "diálogo", termo escolhido no lugar de "debate". "A ciência brasileira não pode ficar fora do diálogo sobre o novo Código Florestal", afirmou a presidenta da SBPC, Helena Nader.
Segundo ela, nenhum cientista ou pesquisador foi consultado para "aquela proposta" do deputado Aldo Rebelo (PCdo B-SP). Rebelo é o autor do relatório aprovado em julho do ano passado em comissão especial na Câmara dos Deputados. De acordo com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a proposta deve ser votada na próxima semana, no dia 3 ou 4 de maio.
Integrantes do grupo de trabalho da ABC e da SBPC explicam que o prazo de dois anos é necessário para que se avaliem os possíveis efeitos que as mudanças na legislação terão no meio ambiente. Para o grupo, é preciso prazo também para o desenvolvimento de tecnologia que permita analisar, por exemplo, por meio de maquetes digitais (com topografia feita com base em imagens de satélite), as condições do solo e medir o tamanho das áreas que devem permanecer protegidas.
"O que está sendo proposto [no relatório de Aldo Rebelo] não tem embasamento científico", diz o engenheiro Antônio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nobre não criticou diretamente os ruralistas e disse à Agência Brasil que "tem fundamento" a reclamação dos produtores rurais em relação às exigências do atual Código Florestal, que é de 1965. "Existe uma série de tópicos que carecem de melhor definição", diz o cientista, ressaltando, porém, não acreditar que as exigências do atual código inviabilizem a atividade rural.
Para o advogado do Instituto Socioambiental (ISA), Raul Telles do Valle, o Congresso Nacional deveria acatar o pedido da SBPC e da ABC. "Não é razoável fazer uma votação e jogar isso aí [o estudo] no lixo. A ciência é parte", reconheceu.
Além de Marco Maia e de Aldo Rebelo, vão receber o texto, ao longo da semana, os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, da Educação, Fernando Haddad; e da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
O documento será levado na quarta-feira (27) à Casa Civil da Presidência da República.
O texto está disponível no site da SBPC () e da ABC.
LY
Época, 25/04/2011, Brasil
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI228295-15223,00-MARCO…
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