VOLTAR

Marcelo Szpilman: Promoção a pretexto do consumo

O Dia - http://odia.terra.com.br
02 de Mai de 2011

O Arquipélago de Fernando de Noronha é uma região especial, um paraíso brasileiro com o título de Patrimônio Mundial Natural concedido pela Unesco. Dividido em duas unidades de conservação, um Parque Nacional Marinho e uma Área de Proteção Ambiental, Fernando de Noronha é um dos poucos lugares no Brasil onde todos os turistas pagam Taxa de Preservação Ambiental. Tudo isso para assegurar a proteção e preservação das espécies vegetais e animais, terrestres e marinhas. E, obviamente, os tubarões estão entre os animais marinhos mais famosos e requisitados.

Tendo isso em mente, é possível, entre diversas outras atrações da ilha, passear de lancha com fundo transparente ou ser rebocado com o planasub, com o objetivo de ver tubarões, e assistir a palestras educativas sobre esses curiosos animais. Além disso, pode-se conhecer o Museu do Tubarão, que apresenta suas estruturas, hábitos e características e está localizado numa enseada onde pequenos tubarões podem ser observados nos horários de maré cheia. Para completar o passeio, uma lojinha vende suvenires onde o tema principal não poderia ser outro senão o tubarão. Tudo muito interessante e operado pelo mesmo grupo responsável pelo restaurante (ao lado do museu) cuja especialidade é o Tubalhau, um bolinho de carne de tubarão salgada. O cardápio traz também a Tubalhoada e o Tuba Burger.

Ainda que eles aleguem que a carne do tubarão venha de fora da ilha, apesar da grande placa que anuncia o tubalhau como sendo o "bacalhau" de Fernando de Noronha dizer o contrário - "pescado e processado artesanalmente em Fernando de Noronha" -, é um enorme contrassenso.

As mesmas pessoas que proporcionam e incentivam o conhecimento e a desmitificação dos tubarões, e que tocam operações dependentes de sua existência (e sobrevivência), são as que proporcionam e incentivam o consumo da carne dos tubarões.

É importante esclarecer que não há proibição legal para pescar e consumir tubarões. E a questão aqui tratada não é sobre posicionamento a favor ou contra. A questão é sobre oportunismo. As operações de esclarecimento e aproximação dos tubarões, que deveriam objetivar sua proteção e conservação nas águas de Fernando de Noronha, nada mais são do que chamarizes que conluem para um negócio que tem nos consumidores desavisados seu grande público.

http://odia.terra.com.br/portal/opiniao/html/2011/5/marcelo_szpilman_pr…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.