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Manifestantes preparam atos em Brasília e Pará

O Globo, Economia, p. 23
20 de Abr de 2010

Manifestantes preparam atos em Brasília e Pará
Índios, estudantes e ribeirinhos vão protestar na Esplanada dos Ministérios e se concentrarão em frente à Aneel
Gustavo Paul, Liana Melo e Fabiana Ribeiro

Nem o diretor canadense James Cameron, de "Avatar", nem o cantor inglês Sting. Hoje, os movimentos contrários à construção da usina de Belo Monte prometem mobilizar índios, ribeirinhos, estudantes e manifestantes em Altamira, Belém e Brasília. Na capital federal, a movimentação inclui uma passeata na Esplanada dos Ministérios, pela manhã, e, em seguida, outra caminhada em direção à sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde deverá ocorrer o leilão - inicialmente marcado para o meio-dia, mas suspenso por decisão liminar na tarde de ontem.

Se o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região mantiver a liminar da Justiça do Pará, será feita uma festa em frente à Aneel. Se a decisão for pela manutenção do leilão, será um protesto.

- A prioridade do governo é com o PAC, a qualquer custo.

O país está indo na contramão de novos paradigmas e deixando questões ambientais em segundo plano. E Belo Monte é arcaico. É do tempo da ditadura militar. Já existem hoje novos debates sobre energia, como a descentralização da matriz energética - critica Renata Pinheiro, assessora técnica do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS).

Para ela, o leilão de Belo Monte é um retrato da desconstrução da legislação ambiental brasileira. E mostra ainda que o país não coloca questões ambientais como base de seus programas de desenvolvimento.

Para impedir que se repita a invasão do prédio, como ocorreu no leilão para construção da usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, em 2008, a direção da Aneel pediu a presença da Polícia Militar (PM).

Na avaliação de Iury Charles Paulino, da diretoria nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o tratamento que o país dispensa às questões ambientais não evoluiu:
- Os programas de desenvolvimento do país desconsideram questões sociais e ambientais. Belo Monte é um escândalo e um marco desse processo de desenvolvimento que não leva em conta meio ambiente e população local. Isso tudo é uma truculência com os atingidos.
Índios do Xingu vão montar tribo multiétnica

Na capital paraense, cerca de mil pessoas devem se reunir em frente à Universidade Federal do Pará (UFPA). Mas será em Altamira que ocorrerão as manifestações mais simbólicas contra a hidrelétrica de Belo Monte.

Uma comissão de índios da região do Xingu decidiu montar uma tribo multiétnica no local onde será erguida a barragem, na região do sítio Pimental, distante 40 quilômetros de Altamira. A meta é reunir cinco mil índios de várias etnias.

Na noite de ontem foi organizada uma vigília a partir das 18h30m em frente à sede da Eletronorte na cidade paraense, que centralizará as atividades burocráticas de Belo Monte. Outras manifestações na periferia da cidade poderão ocorrer ao longo do dia.

Na semana passada, o cineasta James Cameron participou de uma manifestação em Brasília contra a usina. No fim do ano passado, o cantor Sting, exlíder da banda The Police, reencontrouse após 20 anos com o cacique kayapó Raoni, para conversar sobre Belo Monte, razão que os uniu pela primeira vez, em 1989, em Altamira.

O Globo, 20/04/2010, Economia, p. 23

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