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Manifestantes fecham acordo e aceitam desocupar prédio do Ibama

G1.globo.com
12 de Mar de 2008

Manifestantes fecham acordo e aceitam desocupar prédio do Ibama
Grupo tomou o prédio do órgão na Alameda Tietê na manhã desta quarta-feira (12).
Protesto é contra construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira.

Do G1, em São Paulo

Os manifestantes que ocupam desde as 6h desta quarta-feira (12) a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em São Paulo devem deixar o prédio em breve, de acordo com José Rodrigues da Silva, do Movimento dos Ameaçados por Barragens (Moab) e da Associação Quilombo de Ivaporunduva.

"Eles aceitaram o que nós reivindicamos e disseram que não vão dar nenhuma continuidade no processo. Também marcaram uma reunião no Vale do Ribeira. Estamos negociando a saída, só esperamos chegar os ônibus. Vamos sair daqui a pouco", disse Silva ao G1 por volta das 16h desta quarta-feira (12).
Parte do grupo, formado por cerca de 250 pessoas, tomou o prédio do órgão na Alameda Tietê, nos Jardins, para protestar contra a construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira. Os portões de acesso ao edifício foram trancados com cadeados. Os funcionários não conseguiram entrar para trabalhar.
O Ibama foi escolhido como alvo do protesto, de acordo com os manifestantes, porque teria concedido um parecer ambiental favorável à barragem. Segundo o Ibama, o parecer técnico não é conclusivo, pois foi condicionado à solução de pendências como a inundação de duas cavidades naturais, a ser submetida ao Instituto Chico Mendes, e a outorga pelo uso da água, que deve ser dada pela Agência Nacional das Águas (ANA).

A assessoria do Ibama em São Paulo confirmou que os representantes do instituto chegaram a um acordo com os manifestantes depois de horas de negociação. Ficou acertado que nenhuma decisão final será tomada antes que as entidades envolvidas sejam ouvidas. Os manifestantes querem que estudos de impacto ambiental feitos por entidades da região sejam levados em conta no parecer técnico do Ibama.

Sítios arqueológicos
De acordo com os manifestantes, a região concentra sítios arqueológicos, comunidades quilombolas e uma grande biodiversidade que podem ser afetados com a construção da barragem no Rio Ribeira de Iguape. Vindos de cidades como Cananéia, Registro e Eldorado, os manifestantes chegaram em ônibus para ocupar o prédio nesta manhã.
"Nós fomos claros que somos contra o parecer do Ibama, colocamos que o Vale do Ribeira é diferente de qualquer região do estado, que não comporta uma obra desse tipo. Nós não aceitamos as coisas quando a população que vai ser prejudicada não participa", afirmou Silva depois do primeiro período de negociações, que durou das 9h às 12h30.
Comunidade
O monitor ambiental Josias Moreira, de 40 anos, é integrante do Quilombo de Sapatu e participou da manifestação no Ibama. Segundo ele, a comunidade será muito prejudicada com a barragem e muitos terão que deixar suas casas. "Vai alagar cavernas e a gente vive do turismo. É uma região que a gente preservou até agora", disse.

Um grupo aproveitou o protesto para pedir a reabertura para os turistas das cavernas do Petar, Intervales e Jacupiranga. A visitação foi proibida no fim de fevereiro pelo Ibama, que alegou a falta de um plano de manejo nos parques. "Está prejudicando porque é o único meio de sobrevivência para nós, que vivemos do turismo", disse Marinilza Henrique Ferreira, de 31 anos, dona de uma pousada em Itaporanga.

Tumulto
De acordo com a Polícia Militar, a situação ficou mais tranqüila no fim desta manhã, depois de um princípio de tumulto. O motivo seria a demora dos manifestantes em apresentar a liderança do movimento, o que levou a polícia a tentar entrar no prédio. Além do Moab, apóiam a manifestação o Instituto Socioambiental (ISA), a Fundação SOS Mata Atlântica e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Vale do Ribeira.

G1.globo.com, 12/03/2008

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