O Globo, Ciência, p. 36
11 de Mai de 2007
Mangues em expansão
Elevação do mar seria a causa no Nordeste
Letícia Lins
Apesar da especulação imobiliária e da expansão da criação de crustáceos em cativeiro no litoral do Nordeste, os manguezais cresceram 40% entre 1978 e 2004, segundo o Atlas dos Manguezais do Litoral do Nordeste, recém-apresentado pelo Laboratório de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A expansão seria provocada pela elevação do nível do mar, provocada pelo aquecimento global.
Pelo menos essa é a tese do cientista Luiz Drude de Lacerda, coordenador do estudo, baseado na análise de imagens de satélite da costa entre Piauí e de Pernambuco.
Os pesquisadores da UFC observaram que a água do mar entra cada vez mais nos rios do litoral. Isso amplia as áreas propícias a espécies nativas dos mangues. Lacerda lembra que a mistura das águas doces com salgadas é a principal condição para o crescimento e a sobrevivência das espécies características dos manguezais. E como o mar avança pelos rios, os manguezais se expandem.
É o que acontece no Ceará, onde o Rio Jaguaribe está mais salgado do que antes. A maré que entrava até 12 quilômetros continente adentro, agora penetra por até 34 quilômetros. No Rio Pacoti, a água salgada que antes entrava 2,5 quilômetros, chega a oito quilômetros.
De acordo com Lacerda, os manguezais cresceram cerca de 40% em média no Nordeste, mas em Pernambuco a expansão chegou a 67%. Nas últimas duas décadas, houve experiências de replantio de manguezais em cidades nordestinas, mas Lacerda não crê que essas iniciativas tenham contribuído para crescimento tão significativo.
- A maior parte do crescimento foi espontânea. A alteração é fruto sobretudo de mudanças globais - disse ele.
A expansão dos manguezais é benéfica. Mas o avanço do mar pode trazer problemas como a salinização dos lençóis freáticos.
- Haverá alteração nas características das águas, cujos efeitos serão específicos de cada estuário.
O Globo, 11/05/2007, Ciência, p. 36
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.