O Globo, País, p. 6
09 de Mai de 2017
Manaus entra em estado de emergência
Prefeitura monta plano de ação com chegada de índios venezuelanos
A prefeitura Manaus decretou situação de emergência social por causa da presença de mais de 400 índios venezuelanos acampados sob viadutos e outras áreas públicas após fugirem da crise em seu país. Há crianças e idosos em situação de risco, diz a prefeitura. A prefeitura de Manaus decretou situação de emergência social devido ao intenso movimento de chegada de indígenas da etnia Warao da Venezuela à capital amazonense. Grupos estão acampados sob um viaduto e na Rodoviária de Manaus. A crise econômica e a falta de alimentos no país vizinho fizeram com que indígenas nativos deixassem suas terras. Mais de 400 índios venezuelanos estão na capital do Amazonas.
Os indígenas permanecem acampados em área pública, submetidos a situação de risco pessoal e social, em especial crianças, adolescentes e idosos, de acordo com a prefeitura de Manaus.
A prefeitura determinou que a Secretaria Municipal da Assistência Social e Direitos Humanos ficará em alerta máximo e deverá priorizar ações emergenciais humanitárias.
Com a decisão, a prefeitura pode fazer contratações sem licitação para adquirir bens ou serviços necessários para o plano montado com o objetivo de atender os indígenas venezuelanos. Os índios começaram a migrar para Manaus no início deste ano.
Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e sob um viaduto na Zona Centro-Sul. A presença dos imigrantes gerou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público Federal no Amazonas. O objetivo da ação é acompanhar medidas de apoio aos indígenas Warao.
O MPF solicitou informações de órgãos públicos sobre as medidas adotadas para garantir o atendimento humanitário aos refugiados.
Após uma série de reuniões, ficou definido que seriam disponibilizados ônibus para levar os imigrantes de volta ao país de origem, no dia 2 de abril. O estado iria disponibilizar dois ônibus para transportar os venezuelanos, mas a viagem foi adiada.
Inicialmente, os venezuelanos ficaram alojados na Rodoviária de Manaus. Aos poucos eles foram para as ruas e cortiços no Centro e no bairro Educandos, na Zona Sul.
ALTA NOS PEDIDOS DE REFÚGIO
O agravamento da crise econômica, a repressão e o aumento da violência na Venezuela têm feito com que um número cada vez maior de pessoas deixem o país. O Panamá, o Equador e o Chile têm sido os principais destinos, mas o Brasil também está entre os procurados. O número de pedidos de refúgio deste ano é mais do que o dobro do que foi registrado no ano passado, segundo dados do Ministério da Justiça.
De acordo com o levantamento, de janeiro até a primeira semana de maio deste ano, foram registradas 8.231 solicitações. Somente entre o final de março e o início deste mês, foram 5.436 pedidos, contra 3.375 pedidos de todo o ano de 2016.
Na Venezuela, uma nova onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro começou no final de março, com uma série de incidentes violentos com confrontos entre manifestantes e forças de segurança. De acordo com o Ministério Público venezuelano, 35 pessoas já morreram e mais de 700 ficaram feridas nesse período.
O Globo, 09/05/2017, País, p. 6
https://oglobo.globo.com/brasil/apos-imigracao-de-indios-venezuelanos-m…
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