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Malária ofusca avanço no saneamento

O Globo, Economia, p. 31
30 de Ago de 2007

Malária ofusca avanço no saneamento

Para especialistas, o pequeno avanço que o Brasil apresentou nos últimos anos no tratamento de água e esgoto é ofuscado pelos problemas fitossanitários, como o elevado número de casos de malária, especialmente em áreas do Norte do país, onde a doença já havia sido erradicada.

A situação é considerada grave, e, segundo Lígia Bahia, professora do Núcleo de Saúde Pública e do Laboratório de Economia Pública da Saúde (Leps) da UFRJ, tende a piorar se nada for feito: - Essa e outras doenças estão avançando no limiar da fronteira agrícola e em áreas de crescimento urbano. É necessária uma atuação integrada do Ministério da Saúde (com outros órgãos).

Apesar de o número de novos casos de malária ter caído em 2006, depois de três períodos de alta consecutiva, no ano passado foram registrados 540 mil casos da doença. É um patamar muito superior ao de 2002, quando foram notificadas cerca de 380 mil novas incidências.

Esses números ofuscam dados positivos apresentados pelo relatório Metas do Milênio. Segundo o documento, 3,5 milhões de domicílios urbanos passaram a ter esgoto tratado, mas o índice total no Brasil ainda é baixo: apenas 77,3% das residências urbanas brasileiras em 2005, contra 65,9% em 1992.

Isso significa que, mesmo com os avanços, 34,6 milhões de brasileiros não têm acesso a tratamento de esgoto.

No campo, só 27,9% das casas têm água encanada
A família de Reni Pereira de Oliveira, de 40 anos, é um desses casos. Ela mora com o marido e sete filhos em um barraco de madeira, em terreno invadido numa cidadesatélite de Brasília, sem qualquer tratamento de esgoto.

Com o Bolsa família - ela recebe R$ 120 por dois de seus filhos -, Reni diz que ficou mais fácil pagar as contas, mas ela lamenta a falta de água encanada e a dificuldade de encontrar emprego: - Quando a situação aperta, faço algumas faxinas. Nunca consegui um emprego.

Quando se olham os indicadores de água tratada, a situação é um pouco melhor: a parcela da residências urbanas com água encanada subiu de 82,3% em 1992 para 89,8% em 2005. Na área rural, o percentual cresceu de 12,4% em 1992 para 27,9% em 2005, mas ainda é considerado baixo. (Henrique Gomes Batista)

O Globo, 30/08/2007, Economia, p. 31

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