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Malária na área Yanomami quadruplicou

Folha de Boa Vista
15 de Nov de 2006

Malária na área Yanomami quadruplicou

Rebeca Lopes

No livro intitulado "Povos Indígenas no Brasil, 2001-2005", lançado pelo ISA (Instituto Socioambiental), uma organização não governamental que atua nesta área desde 1994, questões relacionadas à área de saúde entre os povos de todo o País constituem um dos pontos de destaque.

Ao fazer um balanço de 2001-2005, os organizadores do livro, os antropólogos Beto Ricardo e Fany Ricardo, observam que o atendimento sanitário piorou no governo Lula em decorrência da excessiva burocratização do setor e influência política ao qual foi exposto.

Em relação a Roraima, o livro aponta o ressurgimento da malária entre os yanomami e a maior incidência de casos de tuberculose - endemia presente em várias tribos. O site da ONG teve acesso aos dados do "Relatório Técnico da Malária - Distrito Sanitário Yanomami (DSY) 2006", onde aponta que os casos quadruplicaram. No primeiro semestre deste ano foram notificados 2.591 casos, representando um aumento mais de quatro vezes maior em relação ao total de casos do mesmo período do ano anterior.

Além dos fatores que sempre contribuíram para a entrada da doença, como a presença constante de garimpeiros e frentes de colonização, consta que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) teria identificado problemas no gerenciamento do DSY e os conseqüentes efeitos na qualidade e intensidade das ações de controle da doença.

Tudo isso gerado pela instabilidade dos convênios com as ONGs parceiras que atuam em área, como Fubra (em Roraima) e Secoya (no Amazonas) principalmente, falta de repasses dos recursos e paralisação dos trabalhos de campo pelos funcionários. Sem ação mais enérgica, cogita-se que uma grave epidemia de malária poderia surgir.

Conforme o tesoureiro da Hutukara Associação Yanomami, Dário Vitório, o problema realmente é preocupante e as lideranças indígenas reclamaram por diversas vezes, inclusive com denúncias no Ministério Público Federal e encaminhamento de documentação do que está acontecendo para Brasília (DF), mas até agora o quadro nada mudou.
Desde que o Governo Federal resolveu retomar a assistência à Saúde dos povos indígenas, o tesoureiro garante que os problemas começaram a surgir. "Antes a gente tinha assistência, mas depois que a Funasa assumiu, piorou. Estamos tristes porque a coisa é gravíssima e nosso povo está sofrendo com as doenças", lamentou.

Reconheceu que o problema está em Brasília. "Ela [Funasa] nunca libera recursos, só faz prometer", disse. Cogitou inclusive a possibilidade dos líderes indígenas irem à Capital Federal conversar diretamente com as autoridades a fim de pedirem providências urgentes. (RL)

Folha de Boa Vista, 15/11/2006

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