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Malária atinge comunidade Yanomami que tinha erradicado doença há 7 anos

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
26 de Nov de 2008

Um surto de malária foi registrado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) há cerca de duas semanas, em comunidades indígenas Yanomami, localizadas na região do Alto Catrimani, a oeste de Roraima. Aproximadamente 20 índios foram infectados pela doença. Roraima é um Estado endêmico. Casos de malária são comumente registrados, inclusive em indígenas. Mas o que chamou atenção especial para esta situação, segundo o médico sanitarista do Distrito Sanitário Yanomami e Yekuana, Oneron Pithan, é o fato de a doença ter sido reintroduzida nesta região, depois de sete anos sem haver qualquer registro.

O motivo, conforme ele, foi a reativação de um garimpo ilegal próximo das comunidades indígenas. Na região, vivem 160 índios distribuídos em nove comunidades.

O receio que mais casos surjam fez com que os técnicos da Funasa se dirigissem até o local para também tratar os garimpeiros. Os indígenas costumam transitar pelos garimpos, fazer trabalhos de guias e posteriormente retornam às comunidades, levando a doença.

Pithan explicou que a abrangência do Distrito compreende cinco municípios de Roraima e três do Amazonas no tratamento à saúde dos índios Yanomami e Yekuana. Atende 10.898 indígenas em Roraima e 6.535 no Estado vizinho. A Funasa atua em conjunto com a Diocese e a Secoya.

Em todo o ano de 2007, foram registrados 6.400 casos de malária. Este ano, até a semana passada, foram 4.691 registros. Cerca de 90% dos casos estão localizados no Amazonas, nas comunidades Marauiá, Padauiri e Marari.

O Distrito Sanitário Leste atende 290 comunidades indígenas de seis etnias (Ingaricó, Macuxi, Wapixana, Taurepang, Wai-Wai e Patamona), espalhadas em 10 municípios de Roraima. Em 2007, foram 825 indígenas acometidos pela malária, enquanto que até 17 de novembro deste ano foram registrados 565 casos da doença. A assistência à saúde nestas regiões é feita pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) sob a supervisão da Funasa.

Conforme ele, a incidência de malária é ocasionada por fatores externos. Em Roraima, deve-se à presença de garimpeiros que são contaminados nos garimpos e transferem a doença aos indígenas que transitam pela região, seguido do reflexo da contaminação dos índios do Amazonas que migram para Roraima trazendo a doença. No Amazonas, pela extração da piaçava.

A saída, segundo ele, é uma ação conjunta das forças federais. Funasa, Polícia Federal, Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) devem se unir para conter o avanço de garimpos e a expansão-agropastoril frente, além de preservar o meio ambiente.

TRATAMENTO - Oneron Pithan explicou que o tratamento e o combate à malária são realizados por meio de informações disponíveis em dois sistemas.

O primeiro é o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep), que é um programa nacional do Ministério da Saúde e reúne os dados da doença em todo o País.

Já o segundo é o Sistema de Notificação Semanal Via Radiofonia, específico do Distrito Sanitário Yanomami e Yekuana. Nele, as informações são coletadas semanalmente e mensuradas, possibilitando a descoberta e tratamento mais rápido da doença.

"Estamos cercando a malária de todas as formas, atuando diretamente no foco da doença. Temos mantido vigilância constante e intensificamos as ações desde que a doença retornou as comunidades do Alto Catrimani", disse Pithan, ressaltando que o número da malária tem reduzido este ano.

No Distrito Sanitário Yanomami e Yekuana, trabalham em campo 40 técnicos na busca e interrupção do clico da malária.

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