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Mais uma represa do Rio passa a usar o volume morto

OESP, Metrópole, p. A11
27 de Jan de 2015

Mais uma represa do Rio passa a usar o volume morto
Santa Branca, assim como aconteceu com Paraibuna, entrou na reserva técnica; medida deve ser tomada nos outros dois reservatórios

Felipe Werneck

O reservatório de Santa Branca, um dos quatro que abastecem a região metropolitana do Rio, também atingiu o volume morto, segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado neste domingo, 25. Na quarta-feira, 21, o maior deles, o de Paraibuna, já havia alcançado a reserva técnica.
A represa de Santa Branca, em São Paulo, é a menor da bacia do Rio Paraíba do Sul. Seu volume morto acumula 131 bilhões de litros. No de Paraibuna são 2,1 trilhões de litros. Restam Jaguari, que estava com 1,72% da capacidade do volume útil, e Funil, com 3,75%, segundo o último Informativo Preliminar Diário da Operação, do ONS. Em nota oficial, a Agência Nacional de Águas (ANA) destacou ontem que "o mesmo (necessidade de uso do volume morto) deve ocorrer nos próximos dias nos demais reservatórios". Diferentemente do Sistema Cantareira, no Paraíba do Sul não serão necessárias obras para alcançar essa parte da reserva, que é acessível por gravidade, informou a ANA.
"Desde o ano passado, eu venho defendendo que já passou da hora de adotarmos um racionamento sério. Estamos consumindo mais do que entra na bacia. A situação é crítica. Os reservatórios que ainda não chegaram no limite estão chegando", disse a vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira. Integrantes do comitê terão reunião nesta terça-feira, 27, com representantes da ANA e do ONS.
Na sexta, 23, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) voltou a negar a necessidade de racionamento para a população, mas disse que começaria "uma grande campanha para as pessoas não desperdiçarem água".

Energia. Na bacia do Paraíba do Sul, os reservatórios também têm a função de gerar energia, mas as usinas não são de grande porte. As barragens mantêm um fluxo adequado para que cerca de dois terços das águas do Paraíba possam ser transpostas para o Rio Guandu, que abastece a região metropolitana do Rio.
A usina de Santa Branca, da concessionária Light, foi desligada no sábado, informou o ONS - o volume morto não é usado para geração de energia elétrica. Procurada, a Light não quis se manifestar. Informou apenas que "a Secretaria de Estado do Ambiente é quem está falando sobre o assunto".
Em nota, o secretário André Corrêa alegou que "não há mudanças operacionais no sistema mesmo que os reservatórios de Paraibuna e Santa Branca tenham atingido as reservas técnicas", mas acrescentou que "não descarta nenhuma medida que possa amenizar a crise provocada pela estiagem". "Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água", disse Corrêa. Ele e o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), Jorge Briard, vão reunir-se com representantes de indústrias que captam água no fim da bacia do Guandu para "avaliar alternativas de consumo de água de reúso por parte das empresas".

Plano de contingência. Ontem, Pezão anunciou um "plano de contingência" para enfrentar os efeitos da estiagem, principalmente na pecuária e na agricultura. Há a previsão de investimentos de R$ 53 milhões - R$ 23 milhões do governo estadual e R$ 30 milhões do Banco Mundial.
Os recursos serão aplicados em sistemas de nutrição para os rebanhos, afetados pela falta de pasto, e na perfuração de poços artesianos para uso coletivo, informou o governo. O objetivo é beneficiar cerca de 13 mil pequenos produtores. Também está previsto no plano estadual um programa de reflorestamento das margens dos Rios Paraíba do Sul e Guandu.
Os municípios do noroeste fluminense são os mais afetados pela seca no Estado. Entre os mais atingidos estão São Fidélis, Italva, Itaocara, São José de Ubá e Itaperuna. As perdas com a estiagem no Estado já totalizaram R$ 100 milhões só no terceiro trimestre de 2014 - 75% concentradas no norte e no noroeste. O cálculo estima que 20% dos prejuízos venham da produção de leite, 15% da cana de açúcar e 5% do complexo hortifrúti. Além disso, foram perdidos 2 mil animais no rebanho fluminense.
"Boa parte das culturas prejudicadas está sendo suprida por áreas que não foram tão afetadas, como a região serrana", disse o secretário estadual de Agricultura do Rio, Christino Áureo. / COLABOROU DANIELA AMORIM

OESP, 27/01/2015, Metrópole, p. A11

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