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Mais uma crianca morta em Dourados

JB, Pais, p.A6
11 de Mar de 2005

Mais uma criança morta em Dourados
Chegou a 11 o número de crianças indígenas mortas em Dourados (218 km de Campo Grande, MS) nos últimos dois meses. A guarani-caiuá Suiane Hilton Machado, de 4 meses, morreu ontem por volta das 15h no Hospital da Mulher da cidade.
Nos últimos dois meses, ao menos 11 índios menores de 5 anos morreram no município, seis deles por desnutrição. A fome matou outras seis crianças indígenas em aldeias do Sul do estado no período. Em 2004, foram 15 casos.
Na terça-feira passada, o ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou que ''as mortes estão dentro do número que normalmente acontece''.
Preocupada com a situação, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) começou a transferir ontem crianças para hospitais de referência em Campo Grande. O menino indígena Alex Porfírio, de 8 meses, que está com diarréia grave, foi o primeiro. Outras duas crianças devem ser removidas hoje.
A organização havia conseguido um avião para levar Suiane a Campo Grande. Internada desde 28 de fevereiro com desidratação e vômito, a menina morreu antes da viagem.
A Funasa afirma que a causa da morte não foi desnutrição, mas hemorragia no aparelho digestivo, pneumonia e septicemia (infecção generalizada).
Em função dos casos, cerca de 1.500 crianças indígenas menores de 5 anos, estão tendo maior acompanhamento médico da Funasa, desde o fim de fevereiro, em Dourados, Amambaí (393 km de Campo Grande) e nas aldeias do Sul do estado.
Segundo a organização, quatro crianças foram internadas este mês no Hospital da Mulher em Dourados. Em fevereiro, foram 21.
A fundação anunciou ontem duas medidas para atender aos índios da região. Na segunda-feira, começa a funcionar uma nova unidade pediátrica do Hospital Universitário, com 20 leitos destinados à internação de crianças, sendo seis na Unidade de Terapia Intensiva.
Além disso, chegaram a Dourados técnicos do Instituto Materno Infantil de Pernambuco, considerado referência na assistência hospitalar a desnutridos graves.
Eles serão responsáveis por um programa de padronização e qualificação do atendimento hospitalar para as crianças indígenas com desnutrição. Segundo a Funasa, até ontem havia 36 crianças internadas.
Segundo Alexandre Padilha, do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, o órgão vem adotando medidas para tentar reduzir as taxas de mortalidade infantil entre os índios desde 2002.
- No ano passado, tivemos a menor taxa de mortalidade infantil indígena no país dos últimos anos - disse.
Foram 47 mortes por mil nascidos vivos em 2004. No ano anterior, a taxa foi de 49,8 óbitos por mil nascidos vivos entre todas as aldeias indígenas brasileiras. Mesmo assim, o número é bem acima da média geral nacional, de 24 por mil.
JB, 11/03/2005, p. A6

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