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Mais terras para os índios?

Dourados News-Dourados-MS
Autor: Luiz Carlos Mattos
10 de Mar de 2005

Abri o jornal Diário MS e me deparei com a seguinte manchete:

"ÍNDIOS ESPERAM A DEMARCAÇÃO DE 47 MIL HECTARES".

Dizia meu avô, velho caboclo das terras de Piratininga, que se lhe derem um limão, faça dele uma limonada. É isto que estão fazendo com a desnutrição que atinge os índios e que vem matando crianças de nossas reservas, não importa de onde sejam, são nossos irmãos e são acima de tudo seres humanos. O historiador Antonio Brandt, assim como o geógrafo Laerte Tetila, culpam a exigüidade da reserva de Dourados pelas mortes e pela própria desnutrição como se em outras reservas muito maiores não ocorressem também mortes por desnutrição.

A verdade é que a política indigenista está errada e há muito tempo vem sendo determinada por parâmetros a nosso ver não adequados para índios que vivem prensados por duas culturas como os que aqui vivem.

Em nossa reserva vivem caiuás e guaranis que são índios caçadores. Vivem numa reserva que durante anos foi devastada não restando mais nenhum capão de mato, por menor que seja para que se cace. Rio piscoso eu não conheço nenhum que passe pela reserva.

Vivem também terenas que são de etnia diferente de caiuás e guaranis, tribo tradicionalmente agricultora e que não são da região e para cá foram trazidos com a desculpa de ensinarem guaranis e caiuás a trabalharem na terra.

A experiência não deu certo. Basta conhecer um pouco da vida de nossos índios para chegarmos a esta conclusão.

Com o limão da morte de crianças por desnutrição o historiador e o geógrafo querem fazer uma limonada que redunde em expansão da reserva, pelo que sentimos. Eles próprios sabem que a solução não é esta.

A solução, apesar de aqueles que se dizem "especialistas em índios" afirmarem que não pode ser feita sob pena de "desculturação" dos índios, é a libertação destes nossos irmãos pela educação.

Vamos educar os jovens e formá-los nas diversas carreiras que nossos filhos se formam e integrá-los à sociedade pela formação intelectual. Assim teremos índios advogados, jornalistas, administradores, médicos sanitaristas, mecânicos, enfim, com formação universitária e mesmo técnicas além daqueles de profissões mais simples, como temos em toda a sociedade. Aos velhos daremos proteção representada por atendimento de suas necessidades básicas, saúde, alimentação, habitação e lazer. Às mulheres também formação escolar e àquelas que são casadas, uma formação por meio de nutricionista, dietistas e sanitaristas os ensinamentos básicos para um atendimento normal aos filhos.

Assim, integrá-los para salvá-los.

Não me venham dizer que vivendo conosco e como nós vivemos, com as facilidades e as comodidades que a vida moderna nos propicia, eles perderão suas culturas e identidade.

Temos exemplos de que isso não ocorre.

O povo judeu é o maior exemplo que temos no mundo de que esta perda não ocorre. Mesmo sem território, viveu espalhado pelo mundo durante séculos, sofreu perseguições inúmeras, entre elas a da inquisição na idade média e o holocausto por parte dos nazistas em fins da década de 40, durante o advento da Segunda Guerra Mundial e não perdeu suas tradições, seus usos e costumes, sua religião, suas danças e músicas, seu folclore e nem mesmo sua culinária.

Os japoneses vivam onde viverem mantém suas tradições, sua música, seu teatro, sua língua, sua culinária, assim como os chineses e coreanos.

Os nosso irmãos paraguaios, cuja colônia é grande em nosso estado, fazem-nos sentir o gosto de suas "chipas" e "sopas paraguaias" e o sabor do "tereré", fazem-nos ouvir e curtir suas "guarânias", "polcas" e "chamames", e ainda usam seus "aho poy" e enchem o ar com o som rascante da língua guarani.

Gaúchos e nordestinos da mesma forma cultivam suas culturas nos seus centros de tradições e não perdem seus laços.

Nos Estados Unidos e no Canadá, as tribos do norte, assim como as do sul, em suas reservas, por eles mesmos administradas, lhes dão lucros e algumas tribos são milionárias. Usufruem as vantagens das duas raças. Da sua e da do conquistador. No Alaska os esquimós vivem com seus irmãos franceses e ingleses como se uma só raça fossem e se dão muito bem.

Deveria ser assim aqui. É só deixarem as coisas fluírem sem interferências e aplicarem a política correta. E será!

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