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Mais de 40 candidatos ao vestibular indígena fazem prova oral

O Documento
25 de Jan de 2008

Quarenta e oito vestibulandos, de cinqüenta que foram classificados, participaram da segunda etapa do III Processo Seletivo da UFMT para os Povos Indígenas de Mato Grosso, realizando uma prova oral, nos dias 21 e 22. Nesta etapa estiveram representadas sete etnias do Estado: Arara, Bakairi, Chiquitano, Karajá, Paresi, Umutina e Xavante e os candidatos estão concorrendo dez sobrevagas aprovadas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), no âmbito do Programa de Inclusão de Estudantes Indígenas (Proind), para 2008.
As vagas em oferta são para os cursos de Agronomia (duas), Engenharia Florestal (três), Engenharia Sanitária e Ambiental (três) e Nutrição (duas).
Na terça-feira de manhã, o clima entre os candidatos que aguardavam a chamada para a prova era de muita ansiedade e nervosismo. Para Clarindo Tanhuare, da etnia Bakairi e candidato a uma vaga em Engenharia Sanitária e Ambiental, a principal preocupação era o seu desconhecimento quanto aos critérios a serem adotados nessa prova oral. Afirmou que, ao longo de 24 anos, já trabalhou em várias aldeias de Mato Grosso, sempre na área de saúde, e daí a sua opção pela engenharia sanitária e ambiental. O mesmo curso foi escolhido pelo Bakairi Rodney Aulamyna. Rodney se mostrou confiante na sua aprovação, declarando que seu sonho é, após a conclusão da graduação, voltar para a sua aldeia, localizada a 100 km de Paranatinga, e ajudar o seu povo, independentemente de conseguir um emprego na área. Na
sua opinião, a prova da primeira fase foi difícil, mas, dos 16 jovens da sua aldeia que se inscreveram, 14 se classificaram para a segunda etapa. Joel Ricardo Estevo, da etnia Bakairi Santana, também achou a primeira prova difícil. Está concorrendo a uma vaga no curso de Engenharia Florestal, acreditando que os conhecimentos que adquirirá serão muito úteis quando retornar à reserva onde vive, próxima ao município de Nobres.
O vestibular específico e diferenciado da UFMT ocorre em duas etapas, a primeira consta de uma prova objetiva e a segunda de uma prova oral. O mesmo é parte do Programa de Inclusão Indígena/PROIND que está vinculado e sediado na Pró-Reitoria de Ensino de Graduação/PROEG.
Segundo Carmen Lúcia da Silva, Coordenadora do Programa Permanente de Acompanhamento acadêmico dos Estudantes Indígenas, ´´ segunda etapa do processo seletivo tem por objetivo valorizar a tradição da oralidade dos povos indígenas, ocasião em que os candidatos, a partir de um tema e texto por eles sorteados, num diálogo com a banca examinadora, estabelecem a relação entre os conhecimentos de seu povo e o conhecimento científico, além de apresentar suas expectativas e motivações para escolha do curso ao qual estão concorrendo e as possíveis contribuições que pensam dar após a conclusão do mesmo, à sua sociedade e aos demais povos indígenas.´´ A prova foi aplicada por professores das áreas de antropologia, lingüística e saúde e, na avaliação da Coordenadora, ´´apesar da ansiedade e expectativa, os candidatos indígenas demonstraram muita competência e maturidade no diálogo com as
bancas examinadoras.´´
Carmen Lúcia disse, ainda, que, nessa etapa do processo, os candidatos tiveram o apoio da Fundação Nacional do Índio Escritório Regional/MT e da Coordenação Geral de Educação/CGE/FUNAI com sede em Brasília que, através de parcerias com outros órgãos governamentais e não governamentais de Mato Grosso, garantiram o deslocamento e estadia dos candidatos.
O resultado final do III Processo Seletivo da UFMT para os Povos Indígenas de Mato Grosso será divulgado no dia 1o de fevereiro no portal da UFMT.

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