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Mais 3 milhões para cuidar da Amazônia

OECO Amazônia - http://www.oecoamazonia.com
Autor: Maria Clara Valencia
26 de Mar de 2011

Para enfrentar a ameaça dos investimentos em mineração na Amazônia colombiana, várias organizações estão se preparando para criar alternativas econômicas para a região, de maneira que tais atividades, cada vez mais iminentes, possam ser mais bem reguladas, sem terem um potencial tão lesivo.

A União Europeia se dispôs a doar 3 milhões de euros para apoiar estas iniciativas, envolvendo Parques Nacionais Naturais, Patrimônios Nacionais e a Fundação Gaia Amazonas. Segundo as informações da Convenção para a Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas, este aporte para a conservação de áreas protegidas na Colômbia fortalecerá a governança ambiental entre poder público na Colômbia, autoridades tradicionais indígenas, organizações de base e a sociedade civil dedicada à conservação e ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

O financiamento, programado para 24 meses, possibilitará a sobrevivência das comunidades locais mediante o fortalecimento da prestação de serviços ambientais essenciais e dos benefícios que eles brindam às pessoas, incluindo a segurança alimentar e de água doce, a geração de renda e o acesso cultural e espiritual para os povos indígenas.

A iniciativa sonha em contribuir para que Colômbia tenha um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, organizando as comunidades locais para que elas usem ferramentas que lhes permitam propor estratégias e enfrentar as mudanças que já estão chegando, além de contribuir para a sustentabilidade de áreas protegidas.

"O que a nova aliança busca é introduzir a análise de sustentabilidade econômica e de novas economias baseadas em serviços ambientais em todo o tema de governança ambiental, para lidar com ameaças como a mineração ou exploração petrolífera", afirma Ignacio Gómez, subdiretor administrativo de Gaia Amazonas. "Se chegar a acontecer um cenário de pagamento por serviços ambientais (como a iniciativa REDD), será necessário haver uma governabilidade indígena, e é também imperativo um monitoramento da floresta mais rigoroso", explica.

"Os indígenas, com suas investidas em seus territórios, poderiam fazer aportes muito importantes para combinar o monitoramento por satélite e o indígena", acrescenta. A ideia é que as comunidades o façam com seus métodos próprios de manejo dos recursos naturais.

Assim, com esta aliança, pretende-se preparar o terreno para estruturar projetos novos que estejam baseados mais nos serviços ambientais que desenvolve a floresta e não nas atividades extrativistas, de maneira que se tenham argumentos para proibir a mineração em certos lugares. "É difícil negociar com o Estado e dizer que não pode entrar a mineração sem ter uma alternativa de renda", explica Gómez.

Entender o presente e futuro econômico da Amazônia

Com uma parte dos fundos da União Europeia, a Patrimônio Natural, que é um fundo de fomento para a conservação, terá a responsabilidade de fazer um estudo para entender a dimensão econômica e financeira da Amazônia hoje e no futuro.

"Queremos entender o que vai significar a mineração para a Amazônia desde o ponto de vista econômico e financeiro, porque para viabilizar o financiamento da conservação será necessário entender cada vez mais a economia mineral, petrolífera, agropecuária e os desenvolvimentos de infraestrutura que se estão sendo planejados para a Amazônia, além de entender que o panorama econômico da região mudará drasticamente", afirma Alberto Galán, diretor da entidade.

"Já existem muitos títulos para mineração concedidos, especialmente em 2008, 2009 e 2010 em zonas de Guainía e Vaupés, principalmente. O petróleo também está chegando forte. Estamos avançando em negociações com a Agência Nacional de Hidrocarbonetos para chegar a acordos sobre zonas de eventual exploração e zonas de conservação, especialmente ao redor do Parque Chiribiquete (entre os departamentos de Caquetá e Guaviare)", acrescenta.

Galán considera que existem grandes riscos destes investimentos, mas também oportunidades que devem ser antecipadas. "A escala de intervenção que se está planejando para a Amazônia será de grande impacto e gerará processos demográficos que precisaremos entender. Queremos nos focar nisso para trabalhar em incentivos de conservação", explica.

"Patrimônio Natural trabalha para que a Amazônia tenha investimentos efetivos, estratégicos e suficientes para conservar seu patrimônio natural e cultural. A ideia é desenvolver ferramentas econômicas e financeiras para o desenvolvimento e incentivos que promovam uma economia em que a conservação da diversidade biológica e cultural e o manejo sustentável dos recursos biológicos sejam o eixo determinante das relações sociais e institucionais", assevera.

Galán indica que se está colocando uma especial ênfase no econômico porque isso é o que vai dar a sustentabilidade a qualquer tipo de intervenção, já que com certeza dentro de pouco tempo na Amazônia chegará dinheiro de royalties de mineração e petroleiras.
Preciosidade colombiana

A Amazônia detém 15% das jazidas minerais do mundo, principalmente de cobre, chumbo, ouro, estanho e magnésio. A Amazônia colombiana tem um total de 38.518.209 hectares protegidos sob as figuras de parques nacionais, reservas florestais e reservas naturais.

Segundo Patrimônio Natural, hoje existem 61.100 hectares sob os usos de mineração e produção de hidrocarbonetos na área de influência de Macarena (o ponto de encontro dos ecossistemas andino, amazônico e orinocense, localizado no departamento de Meta), e expectativas sobre 47.000 hectares adicionais.

A Amazônia colombiana é uma das áreas mais bem conservadas de toda a selva amazônica, porém enfrenta grandes desafios para garantir seu futuro, sendo um deles o desenvolvimento de medidas integrais que potencializem os recursos e capacidades da região, e que tornem viáveis e concedam sustentabilidade às iniciativas públicas, comunitárias e privadas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais.

http://www.oecoamazonia.com/br/reportagens/colombia/194-mais-3-milhoes-…

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