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A maior do mundo. E desconhecida

OESP
16 de Nov de 2004

O Rio tem a maior reserva florestal urbana do planeta, o Parque Estadual da Pedra Branca - mas nem os vizinhos a conhecem
Roberta Pennafort
A maior reserva florestal em área urbana do mundo fica no Rio. E não é a Floresta da Tijuca, como muita gente pensa. Trata-se do Parque Estadual da Pedra Branca, situado na zona oeste da capital fluminense. São 12.500 hectares (três vezes o tamanho do Parque da Tijuca), mais de 300 espécies de animais e 218 de remanescentes da mata atlântica. Uma imensidão desconhecida pelos moradores da cidade.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) no fim de 2002 mostrou que, apesar de o parque ter sido criado 30 anos atrás, só 1% dos cariocas sabem que ele existe. Foram ouvidas 1.500 pessoas. O resultado surpreendeu o IEF e o levou a investir na divulgação da área, que é considerada de proteção integral. No mês passado, foi lançado o projeto Floresta em Movimento, que leva um pouco da beleza da reserva à população.
"Se a comunidade não vai ao parque, o parque vai à comunidade", apregoa Silvana Lima, diretora de conservação da natureza do instituto.
A partir do mês que vem, uma van especialmente montada para funcionar como uma sala de aula itinerante, equipada com telão, caixas de som e material educativo, percorrerá a cidade com técnicos do IEF a bordo. Eles terão como missão não só divulgar as riquezas da fauna e da flora, mas também alertar para a necessidade de conservá-las.
Longe do centro
Silvana acredita que a Pedra Branca é desconhecida por ficar afastada do centro - a reserva se estende pelos bairros de Jacarepaguá, Bangu e Vargem Grande. Mesmo as pessoas que vivem em bairros vizinhos não têm idéia do patrimônio natural que as cerca.
"Eu sei que existe o parque porque conheço a região, mas a maioria das pessoas daqui nunca ouviu falar", diz Leonardo Queiroz, diretor da Associação de Moradores do Parque Dois Irmãos, comunidade carente que fica em Curicica, a 8 quilômetros dali. "O pior é que falta área de lazer na região e estamos perdendo a oportunidade de desfrutar desse lugar."
Invasões
O projeto do IEF visa não só a atrair a atenção de gente como Queiroz, mas também a sensibilizar os moradores do entorno para a importância de proteger a área, apresentando formas de desenvolvimento sustentável. As maiores ameaças são as invasões, que ocorrem praticamente todo dia, a caça dos animais, o desmatamento e as queimadas, provocadas pelos balões que são soltos nas imediações.
Os fiscais do instituto, que são auxiliados pelo Batalhão Florestal da Polícia Militar, não conseguem dar conta de toda a extensão do parque.
Para coibir essas práticas, escolas e praças das redondezas foram eleitas como os primeiros pontos de passagem da van. Em seguida, vêm os bairros que cercam a Pedra Branca, o resto do município e, por fim, o Estado todo. "Nossa mensagem principal é que o parque é fonte de vida, de água e é berço da biodiversidade", explica a diretora de conservação da natureza do IEF. "É uma bênção ter uma floresta no coração do Rio; então temos de mantê-la para que ela resista e continue existindo no futuro."

Mudas da região ajudaram a criar o Parque da Tijuca
Diversidade: Criado em junho de 1974, o Parque Estadual da Pedra Branca abriga o pico da Pedra Branca, o ponto mais alto do Rio, com 1.024 metros. É hábitat natural para mais de 220 espécies de pássaros, 79 de mamíferos, 38 de répteis e 12 de anfíbios. O destaque da flora são as orquídeas e bromélias, dos mais variados tamanhos e cores.
Foi da área que saíram as matrizes das mudas de espécies de mata atlântica plantadas, no século 19, no Parque Nacional da Tijuca. A degradação sofrida ao longo dos anos - causada, em grande parte, pela favelização do entorno - deixou um rastro de destruição, que agora o Instituto Estadual de Florestas (IEF) tenta reverter. Apesar disso, ainda há cachoeiras, nascentes de rios e represas, das quais os visitantes podem desfrutar passeando ou percorrendo as trilhas.
As mais utilizadas são a do circuito das águas, com 250 metros de extensão, a do Açude do Camorim, de 3 quilômetros, e a do Rio Grande, com 800 metros. Escolas e grupos de turistas podem marcar visitas guiadas.

OESP, 16/11/2004, p. A10

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