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Maior desafio do gasoduto na regiao e o impacto social

OESP, Nacional, p.A13
14 de Nov de 2004

Maior desafio do gasoduto na região é o impacto social
Roldão Arruda
A construção do Gasoduto Coari-Manaus tem sido objeto de discussões há duas décadas. Saiu do papel devido aos esforços do governador do Estado, Eduardo Braga, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dos interesses da Petrobrás. O principal impacto que pode ter na região é social. O desmatamento para a fixação dos tubos gira em torno de 800 hectares, segundo previsões iniciais.
Grandes obras já realizadas na Amazônia, como rodovias e hidrelétricas, deixaram no seu rastro o aumento da prostituição, desagregação de comunidades, êxodo rural, disseminação de drogas e outras mazelas. O período crítico desta obra será o da construção - com 3.500 operários.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável se destina a reduzir previsíveis impactos negativos. Mobiliza R$ 42 milhões e conta com o apoio de 50 instituições - da Universidade Federal do Amazonas às prefeituras das cidadezinhas cujos territórios serão atravessados pelos tubos.
A coordenação está nas mãos do secretário do Meio Ambiente, Virgílio Viana. No ano passado ele se afastou de suas aulas na Universidade de São Paulo (USP) e foi enfrentar o que parece ser o maior desafio de sua vida: aplicar o princípio ecológico da precaução a uma vasta região amazônica. Vasta e pobre: não há município amazonense na lista dos mil primeiros classificados de acordo com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
A carreira acadêmica do secretário inclui um título de doutorado em biologia evolutiva, pela Universidade de Harvard, e outro de pós-doutorado, na Universidade da Flórida, sobre desenvolvimento sustentado. No Amazonas sua iniciativa mais conhecida foi o lançamento do Programa Zona Franca Verde, que começou no ano passado na região do Alto Solimões e ganhou impulso neste ano com a criação do programa do gasoduto.
Uma das principais características do Zona Franca Verde é o destaque à fixação dos ribeirinhos nos locais onde vivem, evitando sua migração para Manaus. Viana quer desenvolver com a população do interior formas de sobrevivência econômica com recursos da mata - usando-a de maneira adequada e sem destruir.
Na semana passada, em entrevista ao Estado, ele comemorava alguns resultados positivos da nova política ambiental: o aumento de 57% no número de unidades de conservação; diminuição de 21% no ritmo de desmatamento; e aumento de 59% no comércio de madeira certificada. "Estamos aprendendo a usar melhor a floresta brasileira." Deus queira que o gasoduto não atrapalhe.

OESP, 14/11/2004, p. A13

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