VOLTAR

Maguari leva a samaúma milenar

FSP, Turismo, p. F6-F7
13 de Nov de 2008

Maguari leva a samaúma milenar
Guia explica usos tradicionais de folhas, cascas e raízes de árvores encontradas em percurso de trilha

Na Amazônia

Nem um grupo formado por 28 pessoas, todas de braços esticados e mãos dadas, foi suficiente para dar um abraço em torno de toda a Vovó.
Vovó é o nome de uma samaúma com mais de 45 metros de perímetro, árvore que vive na Floresta Nacional do Tapajós, unidade de proteção federal criada em 1974, que, na margem direita do Tapajós, engloba enormes áreas de mata nativa e árvores centenárias. Segundo os moradores, Vovó teria 1.200 anos.
Entre as comunidades ribeirinhas que vivem nessa área, nove receberam capacitação do Ibama para trabalhar com o ecoturismo. Uma das mais famosas é a de Maguari, no município de Belterra, de onde parte o passeio de 9 km até a Vovó.
A trilha, que deve ser feita na companhia de um guia local, é aberta e não apresenta grandes dificuldades aos turistas.
O guia, conhecedor da mata local, apresenta aos turistas propriedades e usos tradicionais das folhas e cascas de árvores e das raízes. Conhecimento suficiente para prender a atenção dos turistas a cada parada e amenizar o cansaço das quase três horas da caminhada.
Dos produtos usados para a fabricação de remédios e cremes para a pele, à raiz que solta gotas de água potável, cada árvore apresentada pelo guia traz uma surpresa diferente.
No percurso até Vovó, samaúmas mais modestas servem para mostrar como alguns povos indígenas se comunicavam -uma pancada certa na árvore provoca um estrondo.

De Alter a Maguari
A forma mais comum para ir de Alter do Chão a Maguari é de barco -em frente à praia do Amor, o coração do vilarejo, barqueiros locais oferecem a viagem por preços que variam conforme o número de pessoas e o tipo de embarcação.
Dois passageiros, em uma das melhores lanchas de barqueiro, sai por cerca de R$ 450. Uma canoa pequena e desconfortável faz a viagem em três horas, enquanto uma lancha mais moderna pode realizar o percurso em uma hora. Também é possível contratar os passeios nas agências locais.
Neste caso, novamente, o preço dependerá do número de pessoas, do tipo de embarcação e das condições da viagem.
Da agência -ou do barqueiro- vêm as primeiras dicas, como o tipo de roupa e alimentos a serem levados. E é o barqueiro quem apresenta os turistas aos moradores locais.
É preciso pagar uma taxa individual para a comunidade (R$ 7). Para as caminhadas na mata, é preciso contratar um guia, selecionado em sistema de revezamento, por R$ 30.

Cuidados especiais
Converse com o guia ou com a agência de turismo antes de partir para Maguari para ir bem preparado. Lembre-se de levar um tênis confortável e meias que cubram a canela. Também é importante levar, de preferência trocado, o dinheiro a ser pago na comunidade.
Algumas pessoas optam por levar comida -como arroz, feijão e frango congelado- para ser preparada por uma mulher da comunidade enquanto fazem a trilha. Não existe um preço fixo pelo serviço da cozinheira, e é de bom tom levar mais do que a quantidade a ser consumida. É comum fazer a troca do frango levado por peixe fresco, quando disponível.
Como a trilha pode chegar a cinco horas, é recomendável levar alguma comida -como frutas e bolachas- , mas lembre-se de não exagerar no peso. Levar água também é importante. Calcule mais de um litro por pessoa. A maior parte da trilha é sombreada, mas não se esqueça do protetor solar para usar no barco. Nesta época, não há mosquitos em excesso.
(Gustavo Villas Boas)

Famílias ribeirinhas ajudam turista em busca do verde na floresta de Tapajós
Enquanto os visitantes têm a chance de conhecer a rotina dos moradores, os locais melhoram a renda

Da Redação

Das 29 comunidades estabelecidas nos 6.000 km2 da Floresta Nacional do Tapajós, nove foram capacitadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; www.ibama.gov.br) para auxiliar os visitantes no turismo ecológico. O programa começou em 2001 e ajuda na geração de renda das famílias e na conservação da floresta.
Para o viajante, a idéia é que ele conheça a rotina dessas comunidades -em sua maior parte, ribeirinhas. Entre os principais trabalhos dos locais estão a produção de peças de artesanato, produção de farinha e extração de látex.
As duas comunidades mais famosas são a de Maguari e de Jamaraquá. Uma fica a 15 minutos da outra. Nos trabalhos de ecoturismo da primeira, que tem mais de 50 famílias, os guias oferecem passeios entre árvores de grande porte.
Na segunda, as quase duas dezenas de famílias vivem principalmente da caça, da pesca e do ecoturismo. Os guias de Jamaraquá trabalham levando os turistas a passeios de canoa e flutuações em igarapés.

Floresta Nacional do Tapajós
Av. Tapajós, 2.267, Laguinho
www.ibama.gov.br/flona-tapajos
Tel.: 0/xx/93/3523-2964

FSP, 13/11/2008, Turismo, p. F6-F7

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.