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Maggi garante cursos do Qualificar aos povos indígenas de MT

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
06 de Mar de 2003

O Governo Blairo Maggi evitou que cerca de R$ 100 mil do Plano Nacional de Formação Profissional (Planfor)/Qualificar, destinados à capacitação da população indígena de Mato Grosso fossem devolvidos ao Ministério do Trabalho. A oferta de cursos para os índios foi assegurada com a assinatura do contrato de prestação de serviços entre a Secretaria de Trabalho Emprego e Cidadania (Setec) e a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Ensino Não-Formal, Assessoria, Consultoria e Projeto Ltda (Procede), nesta quinta-feira, no Salão Nobre do Palácio Paiaguás. Em abril próximo, nove cursos escolhidos pelas lideranças indígenas vão ser ministrados pela Procede na Região Norte do Estado, abrangendo 12 aldeias distribuídas em sete reservas.

Para o governador Blairo Maggi, a solenidade de assinatura do contrato foi um momento especial porque o Programa vai viabilizar a qualificação mínima dos índios e permitir que eles tenham acesso ao mercado de trabalho. "É isto que interessa, na verdade. Fazer com que os índios possam participar um pouco mais do mercado e buscar sua auto-suficiência", salientou o governador.

Presente à solenidade, o cacique Raoni, a maior liderança dos índios no País, ressaltou que o povo indígena está aprendendo a trabalhar com os brancos. "Meu povo quer trabalhar e está procurando aprender porque o índio não sabe plantar como o branco. O Governo tem que me ajudar. Eu quero, como o seu povo (branco), trabalhar com máquinas. Por isso, eu procuro arrumar dinheiro para trabalhar na terra que meu pai e minha mãe deixaram pra nós", disse o cacique.

Segundo o administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Colíder, Megaron Metukturi, os cursos escolhidos por eles - corte e costura, plantio de café, irrigação, piscicultura, informática básica, fruticultura, criação de galinha caipira, criação de queixada (porco-do-mato) e produção de açúcar mascavo e melado - vão beneficiar os mais jovens nas aldeias.

A Procede e a Funai devem definir como preencher as 340 vagas, uma vez que a forma de acesso mais rápido até as aldeias é de avião. Os cursos começam a ser ministrados a partir de 1o de abril.

A secretária de Trabalho, Emprego e Cidadania, Terezinha Maggi, garantiu que no planejamento do programa em 2003 cursos como o de Planejamento Participativo vão ser oferecidos aos índios. "Este compromisso já está selado. Também estamos estudando a implantação de um local para que os índios possam comercializar a produção deles. Eles merecem toda atenção porque passam dificuldades dentro do Brasil", disse a secretária.

Terezinha Maggi lembrou o empenho do Governo do Estado junto ao Ministério do Trabalho em Brasília para assegurar que os cursos do Programa Planfor/Qualificar, que deveriam ter sido ministrados em 2002, fossem realizados este ano.

Na negociação, a secretária conseguiu um prazo até o dia 30 de abril para cumprir o cronograma e prestar contas. Estão sendo oferecidos, em 18 Municípios do Estado, 15.080 vagas em 522 cursos do Programa Qualificar.

São responsáveis pelos cursos a Procede, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Instituto Florence de Educação e a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe).

Reconhecimento da cultura indígena - O deputado federal Wilson Santos (PSDB), que também participou da solenidade, enfatizou a importância dos cursos do Qualificar para a população indígena. "Assinatura deste contrato é um reconhecimento do Governo Maggi à cultura dos índios.

Em Mato Grosso, existem mais de 20 mil índios que passam por extrema necessidade. Os índios vieram pedir apoio ao governador para firmar parcerias e receber recursos para recuperar estradas e construir salas de aula. Não vieram pedir esmolas", frisou o deputado.

Blairo Maggi enfatizou que o Governo do Estado tem que estar presente e ajudar aquelas comunidades que trazem seu problemas, e destacou a sua convivência pacífica de mais de 15 anos com os índios Pareci, na região de Sapezal.

"Sempre respeitamos os limites das áreas indígenas e, por isso, até fomos homenageados. O meu nome foi dado a um indiozinho na aldeia Pareci. Respeito, mas fiz minhas críticas. Não entendo por que o Governo Federal defende as reservas indígenas como se fossem um zoológico", revelou Maggi, em relação à forma como a Funai trata a proteção das áreas indígenas no País e, principalmente, em Mato Grosso.

"Assim como o cacique Raoni, eu acredito que a riqueza das reservas tem que ser exploradas gerando benefícios para os índios. É preciso parar de olhar a reserva como um grande zoológico", reafirmou Maggi.

Ele citou como exemplo a estrada que corta a reserva indígena na região de Sapezal, Comodoro e Campos de Júlio. A cobrança de R$ 5,00 de pedágio, segundo o governador, garante o sustento de mais de 600 índios, inclusive, com assistência médica.

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