O Globo, O País, p. 14
29 de Fev de 2008
Madeireiros dizem que população reagirá a operação em Mato Grosso
Conselho Monetário Nacional restringe crédito para fazendeiros da Amazônia
Evandro Éboli e Ronaldo Brasiliense Enviados especiais
A poucos dias do início das ações dos agentes da PF e da Força Nacional de Segurança em Mato Grosso, o clima no estado é de apreensão e revolta. Os madeireiros prevêem reação da população, e anunciam que vão demitir funcionários quando a operação Arco de Fogo tiver início.
O empresário Rogério Luiz Rodrigues, que já foi autuado pelo Ibama acusado de extração ilegal de madeira, afirmou que as cenas vistas em Tailândia, com ataques a fiscais e policiais, podem se repetir em Mato Grosso. Rodrigues disse que já preparou os avisos prévios para demitir 40 trabalhadores, dos 50 que emprega na Madevale, sua madeireira em Sinop.
- Aqui não vai ser diferente de Tailândia. A reação das pessoas pode ser da mesma forma.
O governo está impondo regras muito duras para a extração de madeira. Onde vai se colocar os funcionários que vão perder seus empregos? Espero que não ocorra violência - disse.
O empresário já foi autuado várias vezes pelo Ibama. A última multa, de R$ 90 mil, foi aplicada anteontem. Em Tailândia, onde cerca de 2.000 trabalhadores foram demitidos, o prefeito Paulo Jasper (PSDB) distribuiu ontem cestas básicas aos desempregados pelas madeireiras.
Longas filas se formaram em frente à residência do prefeito.
Os fiscais do Ibama que participam da operação Arco de Fogo apreenderam ontem entre 800 a mil toras de madeira ilegal estocada a 34 quilômetros do centro de Tailândia. A madeira teria sido depositada em dezembro passado nas terras do agricultor Samuel Silva Barbosa por um madeireiro de Goianésia, com o compromisso de retirá-la em semanas.
- Ele (o madeireiro) disse que a madeira era legalizada - contou Barbosa, que disse nem saber o nome da pessoa que deixou a madeira A PF investiga denúncias de que os madeireiros estão retirando madeira Ilegal do pátio de suas serrarias e estocando no meio da floresta, em áreas de difícil acesso.
O Globo, 29/02/2008, O País, p. 14
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