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Luta para resgatar identidade

A Crítica-Manaus-AM
Autor: [ Ana Celia Ossame ]
19 de Abr de 2002

Os 500 anos de massacres vividos pelos povos indígenas no Brasil deixaram marcas visíveis em todos os povos, especialmente na Amazônia, onde vivem 60% dos índios brasileiros. A perda da identidade, a morte da cultura, da língua nativa e das populações são algumas das conseqüências da convivência forçada entre brancos e índios, reconhecem algumas lideranças indígenas. Estas, no entanto, apontam para outra realidade neste ano.

"Conseguimos resistir e somos atores dos nossos movimentos e desenvolvimento", afirma, convicto, o presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Genival de Oliveira, índio maiuruna do médio Solimões. O resgate da identidade é o primeiro ponto destacado por Genival, para lembrar o Dia do Índio, comemorado hoje. Mesmo fazendo ressalvas à data, criada pelos brancos, ele destaca conquistas em programas de saúde e educação diferenciados para as aldeias e parceria de organismos internacionais como o programa dos países europeus, o PPG7.

O presidente da Coiab adverte, no entanto, da continuidade dos velhos problemas para a preservação das terras. Afirma que só a demarcação não basta para garantir a manutenção dos limites e reivindica apoio técnico e financeiro para a implantação de projetos de desenvolvimento visando garantir a sobrevivência dos povos e também de recursos. "Não há disponibilidade de recursos para viabilizar os projetos", critica.

O coordenador reconhece que com a ajuda da Igreja Católica, por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), foram formadas as lideranças que estão à frente do movimento e conduzidos por ela. Mas hoje, a influência do conselho sobre os índios é neutra. "Nós aprendemos a descobrir o caminho a seguir e discutir as estratégias para a caminhada que vamos fazer", garante.

Na área educacional, a mudança de perspectiva é surpreendente. Dos 62 povos que vivem na região Amazônica, mais da metade já implantou a educação diferenciada, que consiste no estudo em língua nativa, com cartilhas especialmente elaboradas para a difusão da cultura, costumes e tradições das aldeias. Outro ponto é o crescente número de índios estudando na área urbana, fazendo cursos em universidades públicas.

Esses são alguns pontos citados pelo gerente da Conselho Estadual de Educação Indígena (CEEI), Jecinaldo Sateré, 24, neste dia 19 de abril estabelecido pelos brancos como Dia do Índio. Professor da tribo sateré do rio Andirá, no Município de Barreirinha (a 328 quilômetros de Manaus), Jecinaldo levanta a voz para dizer que ainda faltam muitas coisas para atender as demandas indígenas.

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