Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
30 de Nov de 2003
"A briga dos madeireiros pela expansão de suas atividades na região é feroz. Eles não se preocupam se terão ou não que matar índios. O que lhes importa realmente é o dinheiro", fala Sidney Possuelo. A análise acima não é leviana. Foi feita a partir de anos de experiência no acompanhamento da relação entre índios e brancos, por um dos indigenistas que já ocupou a presidência da Funai por dois anos e criou o departamento que hoje chefia.
Segundo Possuelo, os grupos que estão em situação mais preocupante no país encontram-se em Mato Grosso. Os primeiros seriam os índios baixinhos, da "terra indígena" denominada Rio Pardo, localizada entre Aripuanã e Colniza, 1.196 quilômetros de Cuiabá. E os outros, estariam no pontal do Estado, em Apiacás. "Lá também temos índios acuados e percebemos isso com as missões que instalamos nas áreas. Nenhuma das duas conseguiu fazer contato com os índios, mas localizaram suas habitações. Em ambos os lugares, tudo indica que eles estão em rota de fuga", conta o indigenista.
Em Rio Pardo, a Frente Etno-ambiental Madeirinha, grupo da Funai responsável pelo contato, se estabeleceu desde 1999, mas teve que se retirar da região sob ameaça, em 2001, quando uma das principais madeireiras conseguiu revogar na Justiça, decisão administrativa da Funai de interditar e restringir acesso na área, apenas aos seus funcionários. Antes disso, foi o uso da força que vigorou. O acampamento do grupo foi queimado e o chefe da Frente Madeirinha, Paulo Vinícius Assmann Welker, ameaçado de morte.
As atividades foram suspensas e retomadas apenas em 2002, quando a liminar que suspende a interdição da área é revogada com um agravo de instrumento movido pela Advocacia Geral da União e Funai, contra a empresa Sulmap - Sul Amazônia Madeiras e Agropecuária Ltda. (MO)
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