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Lula vai criar secretaria para crédito de carbono

FSP, Brasil, p. A14
22 de Jul de 2009

Lula vai criar secretaria para crédito de carbono
Órgão deve elaborar estratégia para país lucrar com redução de emissão de CO2
Cargo terá mesmo status de ministério; objetivo é tentar fortalecer a posição do Brasil na negociação do novo acordo contra crise do clima

Da sucursal de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu criar uma Secretaria de Crédito de Carbono, mas ainda não há uma definição clara sobre sua futura atuação ou sobre suas atribuições.
A secretaria seria vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ou ao Ministério da Ciência e Tecnologia mas, por ora, Lula pretende que ela fique vinculada à Presidência.
A ideia surgiu em uma viagem que Lula fez ao Amazonas, numa conversa com o governador daquele Estado, Eduardo Braga, e o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
Hoje, existe uma comissão interministerial vinculada à pasta da Ciência e Tecnologia que discute e analisa projetos do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Mas a ideia do presidente é que, criando secretaria com status de ministério e ligada ao Planalto, o tema ganhará mais relevância nas discussões internas e externas.
Lula fez exatamente esse raciocínio ao criar outras seis secretarias especiais em sua gestão: Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial, Relações Institucionais, Assuntos Estratégicos, Portos, e Pesca -que virou neste ano um ministério.
Em um evento em junho no Paraná, o presidente sugeriu que o governo passe a exigir de empresas de biodiesel e hidrelétricas que, ao desmatarem para construir, paguem pelo gás carbônico emitido.
A atuação do Brasil na redução da emissão de gases de efeito estufa passou a ser tema recorrente nas conversas de Lula em reuniões como o G-8 e o G-20. A criação da secretaria também é uma maneira de o Brasil chegar mais organizado na próxima conferência do clima das Nações Unidas, em dezembro, em Copenhague.
O encontro destina-se a substituir e ampliar o Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período de redução de emissões expira em 2012.
O Brasil é desobrigado por Kyoto de reduzir emissões, mas pode gerar créditos de carbono -e receber dinheiro de países com metas a cumprir- com projetos de energia limpa, no chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
O assunto clima se tornou frequente em discursos e entrevistas do presidente. Semana passada, Lula dedicou a ele maior parte de seu programa de rádio, "Café com o Presidente".
"Precisamos tomar cuidado para que as Nações Unidas tenham relatório que possa responsabilizar com números cada país, tanto na quantidade de emissões de gases de efeito estufa, quanto na quantidade de sequestro de carbono que esses países possam fazer. Um país que começou seu processo de industrialização há 150 anos tem mais responsabilidade do que um país que começou ontem. Por exemplo, os Estados Unidos têm mais responsabilidade do que a China", disse.
(Simone Iglesisa)

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Mercado será definido por novo tratado

Claudio Angelo
Editor de Ciência

O mercado internacional de carbono terá seu atestado de saúde ou de óbito em dezembro, na conferência do clima de Copenhague. O encontro deverá definir quanto os países cortarão de suas emissões para salvar o clima da Terra. O tamanho do mercado depende do tamanho do compromisso.
O Protocolo de Kyoto, em vigor hoje, estabeleceu como meta cortar 5,2% das emissões dos países industrializados em relação a 1990 até 2012. Isso gera um mercado de até US$ 1 bilhão ao ano (considerando um preço de US$ 10 por tonelada).
O quadro que se desenha para Copenhague é muito mais promissor. Primeiro, a meta de redução do próximo acordo precisa ser mais ambiciosa -entre 20% e 40% de corte até 2020. Depois, porque o maior poluidor do planeta, os EUA, estão de volta à mesa. Ao criar um sistema de "governança" de carbono, o Brasil quer mostrar que pode atrair investimentos na área.

FSP, 22/07/2009, Brasil, p. A14

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