VOLTAR

Lula minimiza desmatamento

CB, Brasil, p. 14
31 de Jan de 2008

Lula minimiza desmatamento
Presidente disse que houve alarde na divulgação de dados que indicaram aumento na derrubada de árvores da Amazônia. Ministros visitaram a região e ficaram assustados

Silvio Queiroz
Da equipe do Correio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu as ONGs ambientais e o Ministério do Meio Ambiente para descarregar sua contrariedade com a enxurrada de críticas que o país vem sofrendo desde a divulgação, na semana passada, dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre a disparada do desmatamento na Amazônia no segundo semestre de 2007. Lula criticou "a forma como foram divulgados" os números e, embora tratando de preservar a ministra Marina Silva, desautorizou-a por ter apontado o agronegócio como responsável pelas queimadas. Segundo ele, "os dados do IBGE mostram que a soja está crescendo sem derrubar árvores".

"Antes é preciso investigar", disse o presidente aos jornalistas, no final do almoço oferecido ontem no Itamaraty ao presidente de Timor Leste, o Nobel da Paz José Ramos-Horta. "Não pode culpar a soja, nem o feijão, o gado, os sem-terra, não pode culpar ninguém antes de saber o que aconteceu", continuou. Lula contestou a comparação feita com 2006, "quando tinha diminuído muito o desmatamento", e afirmou ter certeza de que os dados finais do ano mostrarão um quadro diferente.

Divergência de dados
O tratamento dado aos números do Inpe, que mostram a derrubada de 3.235 km² de floresta de julho a dezembro passados, foi considerado alarmista. "Você vai ao médico, ele detecta um tumorzinho e, em vez de fazer biópsia, você sai dizendo que tem câncer", comparou.

Lula apontou "divergências nos dados" com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que se apressou em defender o agronegócio, em particular os produtores de soja do estado. "Tem que sentar e conversar", disse o presidente, demonstrando irritação com a repercussão internacional dos números sobre o desmatamento. O presidente foi especialmente duro com as organizações ambientais que criticaram o governo. "Eu compro a briga com isso de associar o desmatamento com a expansão da fronteira agrícola brasileira. Em primeiro lugar, eles (referindo-se às ONGs internacionais) tinham é que plantar mais um pouco de árvores no país deles", desafiou.

O presidente admitiu, porém, que o quadro revelado pelos satélites "foi um alerta, mostra que o governo tem que acender todas as lanternas, porque é nossa obrigação não permitir que cresça o desmatamento". Lula cobrou uma investigação "rigorosa". "Tem que identificar de quem é a terra onde teve desmatamento", insistiu. "Porque se alguém fez desmatamento ilegal, eu defendo que se faça uma lei para que esse cidadão perca a terra", ameaçou.

CB, 31/01/2008, Brasil, p. 14

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.