O Globo, O País, p. 3
06 de Fev de 2004
Lula elogia 'companheira Marina'
Cristiane Jungblut
No dia em que a Câmara aprovou o projeto da Lei da Biossegurança, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Programa Nacional de Florestas com um discurso recheado de elogios à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Sem citar em nenhum momento o caso específico dos transgênicos, Lula disse que Marina sempre teve paciência, mas muitas vezes não foi bem compreendida. Lula disse ainda que se o Brasil não adotar uma política ambiental correta, terá problemas no exterior, "porque o mundo está ficando cada vez mais exigente".
- A companheira Marina disse, logo no início do governo, que queria passar para a História como a ministra que, em vez de dizer não, discutiu como fazer o melhor possível. E isso ela fez com muita paciência, nem sempre compreendida - disse Lula.
Conciliar desenvolvimento, progresso e meio ambiente
O presidente falou da necessidade de dialogar e de não tomar decisões precipitadas, que possam inclusive prejudicar o país no futuro. Para Lula, o desafio é conciliar desenvolvimento, progresso e meio ambiente.
- Uma coisa fica clara nesse evento de hoje: provamos que, quando há diálogo, quando há disposição do governo e da sociedade para sentar em torno de uma mesa e conversar, os resultados normalmente são melhores para todos - disse Lula.
Lula disse que não quer "dar passos para prejudicar ninguém":
-Vale a pena, a cada passo que a gente der, saber que passo estamos dando, quem a gente vai beneficiar e quem a gente vai prejudicar.
Lula explicou que o objetivo do Programa Nacional de Florestas é expandir a atividade florestal e torná-la rentável. Ele lembrou que o Brasil detém apenas 2% do mercado de produtos florestais, enquanto a Finlândia tem 8%. O presidente disse que o programa vai estimular o manejo sustentado da floresta e o aproveitamento de madeira apreendida, que costuma apodrecer nos depósitos do Ibama. Ao todo, o programa vai liberar R$ 1,8 bilhão em crédito até 2007. Com a madeira apreendida, o governo quer construir cinco mil casas no Pará, o que deve gerar cinco mil empregos.
- A natureza não deve ser encarada como um museu de relíquias intocáveis. Mas ela não pode ser atropelada por processos econômicos baseados na espoliação humana e ambiental. Trata-se de construir uma nova base de equilíbrio. Sem isso, fica difícil cultivar a semente do futuro. Ela não germina em terra arrasada.
No encerramento da cerimônia, bem-humorado, Lula visitou o "cantinho do churrasco". Lá, o cerimonial do Palácio montou um ambiente com mesas, cadeiras, carrinho com alimentos da Amazônia e outros utensílios. Todos os móveis foram feitos com madeira certificada (cultivada dentro do manejo sustentado). Lula vestiu o avental de churrasqueiro e até dedilhou um violão, feito de madeira certificada, que ganhou de presente.
Em vez de perguntas, castanhas-do-pará
Lula sentou-se à mesa com Marina, acendeu as velas e pegou um prato na mão, fingindo que estava com fome.
- Olha o grande churrasqueiro - brincou Marina.
Lula abriu um pacote de castanhas do Pará e começou a comer. Quando os jornalistas começaram a fazer muitas perguntas sobre a situação econômica, ele distribuiu castanhas.
- Em vez de fazer pergunta, ocupa a boca com essa castanha - dizia o presidente, sorrindo.
Lula ganhou o "kit-churrasco" e o violão de presente. Os objetos foram doados por empresas que trabalham em projetos de desenvolvimento sustentável e foram transportados pelo Ministério do Meio Ambiente.
O Globo, 06/02/2004, O País, p. 3
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