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Lula afirma que Brasil não aceitará 'cartel dos poderosos' contra biodiesel

O Globo, Economia, p. 22
10 de Jul de 2007

Lula afirma que Brasil não aceitará 'cartel dos poderosos' contra biodiesel
Presidente afirma que ricos querem impedir desenvolvimento do país

Chico de Góis

Em campanha para tornar o álcool uma alternativa internacional aos combustíveis fósseis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou ontem o programa semanal de rádio "Café com o Presidente" para avisar que o Brasil não aceitará que seu desenvolvimento seja atrapalhado pelo que chamou de cartel dos poderosos. Foi uma alusão indireta às nações que demonstram preocupações ambientais e com o futuro da oferta de alimentos frente à expansão do cultivo de cana-de-açúcar, como as européias.

E também uma referência aos países produtores de petróleo, como as nações do Oriente Médio e a Venezuela.

Lula chegou a dizer que o Brasil precisa ter consciência de que tem "adversários que vão levantar todo e qualquer tipo de calúnia contra a qualidade do etanol e a qualidade do biodiesel".

Para Lula, não há risco de etanol invadir Amazônia
Ele mostrou-se irritado sobretudo com as críticas de países europeus. Há afirmações de que a plantação de cana-de-açúcar poderia invadir a Amazônia, além de alertas de que o deslocamento da produção de grãos poderia resultar em elevação dos preços dos alimentos na próxima década.

Lula observou que foram os portugueses que introduziram a cana no Brasil e só não a levaram para a Amazônia por uma simples razão: o local não é apropriado para esse tipo de cultivo.

- Esse é um debate que o Brasil não tem que ter medo. O que nós não vamos aceitar, outra vez, é o cartel dos poderosos do mundo tentando impedir que o Brasil se desenvolva, tentando impedir que o Brasil se transforme em uma grande nação.

Lula se disse convencido de que a produção de biocombustível ajudará no desenvolvimento dos países da América Latina e da África, e que é importante avaliar essa política sem mirar somente o mapa da Europa.

- O Brasil não pode abrir mão, em hipótese alguma, de defender a sua matriz energética revolucionária, que são o etanol e o biodiesel - declarou o presidente.

Lula afirmou que o país pretende mostrar ao mundo que essa tecnologia é importante por sua capacidade de geração de empregos e distribuição de renda:
- É bem possível que os nossos adversários continuem levantando coisas contra o Brasil, e nós temos que estar preparados - afirmou.

Para o presidente, é descabida a acusação feita por países desenvolvidos de que a produção de biocombustíveis provocará uma falta de alimentos no mundo.

- Ora, seria preciso imaginar que o ser humano é irracional - disse Lula. - A primeira energia de que o ser humano precisa é sua própria, ou seja, é se alimentar para ter forças para produzir a outra energia. Eu acho uma coisa totalmente descabida.

O Globo, 10/07/2007, Economia, p. 22

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