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Lucro de usina bancará tratamento de água

FSP, Cotidiano, p. B3
09 de Jul de 2015

Lucro de usina bancará tratamento de água
Empresa escolhida pelo governo será remunerada com a venda de energia produzida com água excedente do Pinheiros
'É absolutamente viável', diz secretário estadual de Recursos Hídricos sobre novo projeto de despoluição

GUILHERME MAGALHÃES DE SÃO PAULO

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) lançará edital para a construção de uma estação de tratamento de água na confluência dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo.
Segundo a Folha apurou, uma PPP (parceria público-privada) é o caminho mais provável para a realização do projeto de limpeza do rio.
"A ideia é limparmos o [rio] Pinheiros, e, uma vez limpo, ele pode ser transposto para dentro da [represa] Billings e aí, de quebra, gerar energia elétrica", disse à Folha o secretário paulista de Recursos Hídricos, Benedito Braga.
"Essa geração de energia, que hoje não existe, vai pagar o custo do tratamento dessa água que vai deixar o Pinheiros limpo", afirmou.
Hoje, a água do Pinheiros só pode ser revertida para a Billings para controlar possíveis cheias do rio.
A medida é mais uma tentativa da gestão Alckmin de contornar a crise hídrica. Além da geração de energia, essa água poderá ser usada para abastecer o sistema Guarapiranga, hoje o principal da Grande SP em número de pessoas atendidas (5,8 milhões).
Questionado sobre a viabilidade do plano, Braga disse ser "absolutamente viável". O governo pretende pagar o tratamento dessa água com a venda da energia elétrica gerada pela usina de Henry Borden, reembolsando a empresa que vencer a concorrência.
Não há, porém, previsão de custo da obra nem de quando a construção teria início.
Em audiência pública no Senado nesta quarta (8), o governador Geraldo Alckmin defendeu o projeto.
"Estamos estudando uma engenharia financeira, uma PPP: nós tratamos o esgoto, bombeamos para o Pinheiros, bombeamos para a represa Billings. Uma parte vai para Guarapiranga, para abastecimento humano, e a outra parte cai lá embaixo, na serra, em Cubatão, e gera energia elétrica", afirmou. "Quem paga tudo isso? A geração de energia elétrica", completou.
Tentativas anteriores de despoluir o rio Pinheiros fracassaram. Projeto lançado em 2001 foi abandonado duas vezes (2003 e 2011), após consumir R$ 160 milhões. Testes apontaram que o uso da técnica da flotação não seria suficiente para limpar o rio.
TECNOLOGIA
Braga afirma que "nenhum modelo negocial está descartado até o momento". Segundo ele, a concorrência irá permitir que as empresas proponham a melhor tecnologia para tratar a água do rio, hoje avaliada como classe 4, índice máximo de contaminação. O governo estadual quer que essa avaliação melhore para atingir a classe 2.
O secretário disse ainda que não descarta nenhuma tecnologia, mesmo a de flotação. Outra possível tecnologia citada por Braga é o uso de membranas ultrafiltrantes, já usada hoje em parte da represa Guarapiranga.
BILLINGS
O uso da Billings como alternativa de abastecimento em meio à atual crise hídrica também não é novidade. A represa, chamada por Alckmin de grande "caixa-d'água" da região metropolitana de São Paulo, vinha sendo pensada no início deste ano como alternativa em caso de colapso completo do sistema Cantareira, em situação crítica.
A ideia era tratar a água da parte poluída da Billings e transpor essa água para o braço limpo da represa que abastece o sistema Rio Grande. Estudos apontaram, porém, que o custo seria muito alto.
O governo decidiu então construir uma adutora que ligará o Rio Grande ao sistema Alto Tietê, com capacidade para transportar 4.000 litros/segundo de água. Prevista para junho, a obra deverá ser entregue em setembro.
Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

Não há 'nenhum risco' de rodízio, afirma Alckmin

DE BRASÍLIA

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou nesta quarta (8), em audiência pública no Senado, a realização de um rodízio de água no Estado.
"Tivemos em 2014 a maior seca da história. Parece que no caso do Sudeste esse período seco que está vindo vai ser um pouco mais úmido. Não tem mais nenhum risco em São Paulo de termos rodízio."
O sistema Cantareira, em situação mais crítica, operava nesta quarta com 15,2% de sua capacidade.
Ele abastece 5,3 milhões de pessoas --antes da crise, eram 9 milhões. A diferença passou a ser atendida por outros sistemas.
O tucano atribuiu a seca registrada no Estado a fatores imprevisíveis.
"No final de 2013, os institutos de pesquisa diziam que as chuvas seriam normais ou até um pouquinho acima da média", afirmou.

FSP, 09/07/2015, Cotidiano, p. B3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/225501-lucro-de-usina-bancar…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/225503-nao-ha-nenhum-risco-d…

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