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Local para as ONGs na Rio+20 segue indefinido

OESP, Vida, p. A15
28 de Mar de 2012

Local para as ONGs na Rio+20 segue indefinido
Cúpula dos Povos, que deve atrair 10 mil pessoas, ocorre de 15 a 23 de junho, mas alojamento é incerto

FELIPE WERNECK / RIO

A menos de três meses da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, continua indefinido o local que deverá abrigar alojamentos para as 10 mil pessoas esperadas para a Cúpula dos Povos. A cúpula é um evento organizado pela sociedade civil, que será realizado de 15 a 23 de junho no Aterro do Flamengo, na zona sul do Rio, paralelamente ao encontro oficial, marcado para o Riocentro, na zona oeste.
Representantes de ONGs se reuniram anteontem com o prefeito Eduardo Paes (PMDB). Inicialmente, a prefeitura havia indicado a Quinta da Boa Vista, na zona norte, como local para os acampamentos. Fátima Mello, da ONG Fase e membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20, diz que o "fracionamento" da Cúpula dos Povos em locais distintos é "inaceitável".
"Houve um avanço significativo nas negociações. Agora ofereceram escolas perto do Aterro, áreas do sambódromo (no centro), um galpão e um terreno no Cais do Porto", diz Carlos Henrique Painel, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.
Para Painel, a questão dos alojamentos é o "nó górdio" dos preparativos para a Rio+20. "Os locais não são tão próximos do Aterro quanto gostaríamos, mas estamos mais perto de uma solução." Segunda-feira haverá mais uma reunião para discutir o tema.
Fátima diz que o objetivo não é montar acampamentos no Aterro do Flamengo, projetado por Roberto Burle Marx, por causa dos riscos de dano ao patrimônio público. A ideia, diz, é usar áreas no entorno do parque para alojar os grupos que chegarão à cidade. Assim, eles ficariam perto de áreas do Aterro que serão usadas para palestras e uma série de eventos durante a cúpula.
"Os movimentos sociais serão o coração da cúpula. Não tem solução de mobilidade fácil entre a Quinta e o Aterro. Se os acampamentos ficarem longe, vão dividir a cúpula ao meio", diz Fátima. A falta de recursos também preocupa. "Estamos a 78 dias da cúpula e os R$ 11 milhões prometidos pelo governo ainda não chegaram", afirma Painel.
Presidente do Grupo de Trabalho para a Rio+20, Sérgio Besserman diz que a prefeitura procura atender às demandas de todos. "Essa é uma negociação que não preocupa, porque há muita boa vontade da parte de todos. O estrangulamento de infraestrutura é mais em hotéis 5 estrelas."

Confirmação
Segundo a ONG Fase, estão confirmados para a Cúpula dos Povos 2mil pessoas da Via Campesina, 1 mil quilombolas, 1,2 mil indígenas e 1 mil trabalhadores na agricultura familiar, entre outros.

Direitos humanos podem ficar fora das discussões

RIO

Representantes de organizações da sociedade civil criticaram ontem, em entrevista na sede das Nações Unidas, em Nova York, a retirada do tema dos direitos humanos da agenda da Rio+20. Uma carta foi endereçada ao secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, expressando preocupação com "uma situação que ameaça gravemente os direitos das pessoas e compromete a relevância da ONU".
"Estamos testemunhando uma tentativa de certos países de enfraquecer, limitar ou mesmo eliminar quase todas as referências a compromissos relacionados aos direitos humanos e a princípios de equidade do texto O Futuro que Queremos, cuja versão final será o resultado da Rio+20", prossegue o texto.
A antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos, está acompanhando as discussões na ONU sobre o esboço das propostas. Para ela, a minuta que sucederá o chamado rascunho zero "virou um documento Frankenstein, com quase 200 páginas e cheio de colchetes (símbolo usado para indicar discordância)".
Iara diz que a falta de consenso poderá resultar em um retrocesso na Rio+20. "Os países ricos não querem se comprometer. Existe uma pressão forte dos EUA. Tudo o que se refere a afirmação de direitos e princípios acordados desde a Rio-92 poderá ser deletado", afirma a antropóloga, que acompanha as conferências da ONU desde 1992.
Iara disse que o Vaticano está pressionando para que tudo o que tenha a ver com direitos da mulher seja retirado do documento que será discutido na Rio+20. Segundo Anil Naidoo, a carta foi apoiada por mais de 500 organizações de 67 países. / F.W.

OESP, 28/03/2012, Vida, p. A15

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