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Livro mostra resultados do monitoramento do Rio Tiete

OESP, Cidades, p.C3
20 de Mar de 2004

Livro mostra resultados do monitoramento do Rio Tietê Coletânea de textos sobre o tema será lançada segunda-feira, Dia Mundial das Águas
ROSA BASTOS
Segunda-feira, Dia Mundial das Águas, a Fundação SOS Mata Atlântica lança o livro Observando o Tietê, uma coletânea de textos de diversos autores com os resultados do programa de monitoramento do Projeto Tietê.
"Quando for recuperado, o nosso rio não vai ficar como o Tâmisa. Vamos ter qualidade de vida e não paisagem, já que 70% das doenças que existem em São Paulo são de origem hídrica", disse Mário Mantovani, diretor de Relações Internacionais e do Núcleo União Pró-Tietê da SOS Mata Atlântica.
Ontem, Mantovani, especialista em recursos hídricos, fez um balanço da atuação da fundação desde a coleta de 1,2 milhão de assinaturas, que deflagrou a campanha pela despoluição do rio, em 1991, em parceria com a Rádio Eldorado e o Jornal da Tarde. "Graças a esse primeiro passo, o Tietê tem o maior projeto de saneamento do mundo em execução, com financiamento de U$ 2,6 bilhões. E o único iniciado por causa de uma ação da sociedade civil."
No ano seguinte, o governo brasileiro assinou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) o financiamento de R$ 1,1 bilhão para o Projeto Tietê.
Foi a primeira etapa. Nessa época, houve problemas. O governo não abria as contas e cronograma do projeto para as ONGs. "A SOS teve de ir ao BID, em Washington, para ter acesso às informações e denunciar falsas promessas de que em curto tempo se poderia beber água do rio", contou Maria Luisa Ribeiro, coordenadora do Núcleo Pró-Tietê.
Segundo ela, isso provocou o maior estrago no projeto, que ficou desacreditado. "Foi preciso recomeçar, reconquistar a confiança da sociedade e renegociar com o banco para obter o financiamento da segunda etapa, de R$ 400 milhões, que foi iniciada em 2000 e vai até 2005." O projeto agora está na fase mais difícil: ligar o esgoto da casa das pessoas às redes coletoras para que cheguem às estações de tratamento.
Análise - Ao longo da bacia do Tietê, há 300 grupos de monitoramento, um total de 7.500 pessoas que, a cada 15 dias fazem coleta e análise da qualidade da água. Segundo os resultados, a situação da Grande São Paulo é crítica.
Têm qualidade ruim 47% das águas dos rios que formam a sub-bacia da região próxima à nascente. Na região da Billings, são 66%; na da Guarapiranga, 30%; na região do Pinheiros-Pirapora, a mais crítica, 77%; e 58% na Cantareira.
Há indícios de qualidade péssima em 23% da região das cabeceiras, em 19% da Billings, em 19% da Guarapiranga, em 5% do Pinheiros-Pirapora e 6,4% da Cantareira.
De todos os rios do Alto Tietê, só 5,6% têm qualidade de água ótima na região de Guarapiranga, 2,8% apresentam qualidade boa, na região da Cantareira, mais 2% ainda com qualidade boa na região da Billings, próximo a Ribeirão Pires. "Só resta água com qualidade boa em áreas de preservação", disse Maria Luisa.

OESP, 20/03/2004, p. C3

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